Newsletter: Receba notificações por email de novos textos publicados:

domingo, 3 de janeiro de 2021

Reflexão: «Um eucaliptal não é uma floresta: é um deserto verde»

«Vamos por partes: o eucalipto é nativo da Austrália. Está perfeitamente adaptado àquele clima. Resiste ao fogo, renascendo sempre a partir da raiz, seja pelo fogo, seja pelo corte. É muito resistente à seca, aproveitando toda a água disponível. Este é o motivo porque quando se corta um eucalipto ele larga imensa água e também é o motivo pelo qual a madeira de eucalipto racha. A Madeira de eucalipto tem tão pouca qualidade que não serve para tábuas ou mobiliário. Na verdade só serve para fazer pasta de papel.

Sendo uma árvore adaptada a um clima tão agreste evoluiu para ser um Hércules: um eucalipto cresce em apenas 10 anos! É um corredor dos 100 metros. Nenhuma outra árvore do Mediterrâneo consegue competir com um eucalipto. Azinheiras, carvalhos, oliveiras... Levam muitas décadas para atingir o mesmo tamanho.

Um eucaliptal não é uma floresta: é um deserto verde. Em termos de vida e biodiversidade é do mais pobre que há. Os donos dos eucaliptos e a indústria da celulose sabem disto, mas na melhor política capitalista, estão pouco se lixando. Enquanto lhes der lucro imediato nada mais lhes interessa.

Monocultura intensiva de eucaliptos tem custos também nos recursos hídricos e minerais: ao fim de umas décadas o terreno fica exaurido e não produz mais nada. Claro, no melhor do espírito do capitalismo, haverá sempre mais terra para queimar. Acontece que a terra é finita! 

Nunca vi tanto desprezo pela vida e pelo futuro da humanidade. Mas o paradigma está a mudar. Eles não gostam, mas terão mesmo que mudar de vida. Eucaliptal é para acabar. Aliás, eles sabem disso. Nesta altura já andam a destruir a floresta nativa de Moçambique e do Brasil pra plantar eucaliptos. Por cá já perceberam que a mama está para acabar.»

Sérgio Caldeira.

Estudo internacional revela que eucaliptos provocam dramática redução da biodiversidade do território. Publicado na revista Global Ecology and Biogeography, o estudo envolveu também investigadores da Austrália, Chile, EUA e Índia. Cristina Pinto, Universidade de Coimbra, 6dez2017

Sem comentários: