Recortes de notícias ambientais e outras que tais, com alguma crítica e reflexão. Sem publicidade e sem patrocínios públicos ou privados. Desde janeiro de 2004.
quinta-feira, 4 de junho de 2020
Bico calado
Equipa de reportagem da CNN detida enquanto filmava protestos em Minneapolis. Polícia de Minneapolis atira e ameaça prender repórter da Deutsche Welle,Youtube. A polícia dos EUA atacou jornalistas mais de 120 vezes desde 28 de maio, garante documentação reunida por Nick Waters, conta o Niemanlab. Polícia em protestos em todo o país apanhados a vandalizar propriedades, denuncia a Mint Press.
«O seu objetivo é polarizar, desestabilizar o governo local e inflamar os impulsos racistas. E não podemos deixar que ele o consiga. Quero apenas dizer duas palavras a Donald Trump: começa com 'F' e termina com 'você'. Não ficarei em silêncio enquanto esse homem tentar cinicamente transformar este momento incrivelmente doloroso para seu próprio ganho político.» Lori Lightfoot, president da Câmara de Chicago.
«Temos que aceitar o facto de que este presidente, se tiver a oportunidade, tentará ser um ditador.» Ruben Gallego, do Arizona, citado pelo NYTimes.
« (…) Não é preciso ir mais longe do que ver a forma como são tratados criminosos ou acusados de crimes de colarinho branco, com diferenças culturais e sociais sobre o modo como são apresentados, mesmo quando se enunciam os seus crimes. Ricardo Salgado nunca será tratado como Sócrates, Vara ou Lima, que têm em comum terem vindo “de baixo” e terem subido à custa da política e da corrupção. Aliás, esta é uma velha tradição de diferenciação social em que, por exemplo, o O Independente era exímio. Não tocava nos facilitadores que sabiam comer à mesa, e vestir-se à inglesa, mas atacava com desprezo social os políticos de “meia branca”, que vinham da província e que não tinham os pergaminhos daquilo a que o jornal chamava, de forma, aliás, errada e ignorante, a “velha riqueza”. (…) Os dias da pandemia mostraram, mais uma vez, a força dos preconceitos sociais no modo como duas comunidades atingidas pela crise económica são tratadas: a da cultura e a dos feirantes e itinerantes. Os artistas, trabalhadores da cultura, músicos, actores, “criativos”, etc., são um sector em que predomina o trabalho precário, e foram de imediato atingidos pelo confinamento e pelo encerramento dos espectáculos. Mas, sem contestar a dureza da crise, têm várias coisas a seu favor: uma é a grande visibilidade na comunicação social, um tratamento muito favorável (capas, variadas fotografias, artigos, etc., por exemplo só no PÚBLICO), que funciona como forma de pressão sobre o poder político, que tende a responder a quem tem mais voz mediática. Acresce que é um sector fortemente subsidiado por Governos e autarquias, em que não há qualquer escrutínio, porque este é difícil para certas actividades criativas, mas também porque a pequenez do meio favorece o silenciamento das críticas por parte dos pares. Se apenas uma pequena parte das críticas que são feitas em privado, em conversas, fosse pública, ver-se-ia como é feito um julgamento muito duro das qualidades criativas e do valor de muitas “obras” e “artistas”, mesmo descontando a inveja do sucesso alheio, que também é muita. Acresce o facto de muitos serem jovens e, queira-se ou não, os jovens têm sempre uma vantagem e mais oportunidades do que as pessoas mais velhas. Mas a cultura é hoje um sector económico e mesmo industrial, e pode e deve ser tratado sem o mito da intangibilidade da criação, que é também uma expressão corporativa. (…)» José Pacheco Pereira, in Os ignorados e os invisíveis – Público 30mai2020.
Como um “exército” de perfis falsos quer impor o Chega em Braga, revela O Minho.
EUA aprovam venda de US $ 1,4 milhar de milhões de mísseis Patriot ao Kuwait, diz o MEM.
«(…) desde o início de maio que sabemos, por trabalhos da Escola Nacional de Saúde Pública, que os concelhos com maiores taxas de desemprego e maiores desigualdades de rendimento eram os que tinham mais casos de covid-19. Olhando para o que está a acontecer em Lisboa, percebemos que são os mais pobres que estão a sofrer mais com o desconfinamento. (…) enquanto continuarmos a ser uma das sociedades mais desiguais da Europa não seremos exemplo de nada. O que corra bem deixará sempre de fora demasiada gente. Os outros, o país que se trama, são os moradores do Bairro da Jamaica ou os trabalhadores da Plataforma Logística da Azambuja. E, para tornar tudo um pouco mais chocante, uns e outros ainda são apontados como responsáveis pelo seu próprio infortúnio.» Daniel Oliveira, in Expresso 1jun2020.
A maior produtora de porcos do Iowa, a Iowa Select Farms, tem usado um método cruel para matar milhares de porcos que se tornaram comercialmente inúteis devido à pandemia de coronavírus. Trata-se de um método de extermínio em massa conhecido como «corte da ventilação» ou VSD, através do qual se selam todos os respiros aéreos das pocilgas e se insere vapor nelas, intensificando o calor e a humidade interna e deixando-os morrer durante a noite. Glenn Greenwald, na The Intercept. Video.
«(…) O 24 de maio pode vir a ficar assinalado como o dia em que o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se sentou no banco dos réus, acusado de crimes de corrupção: fraude, suborno e abuso de confiança. Sentado no banco dos réus” no seu sentido literal porque, apesar de sucessivas manobras dilatórias, não conseguiu que o Supremo Tribunal – honra lhe seja feita – o dispensasse do julgamento presencial. Em contrapartida consentiu que se mantivesse nas funções de primeiro-ministro, o que é inédito em Israel. Se fosse um mero ministro teria de se demitir. Este é um verdadeiro case study. Depois de um frustrado processo eleitoral em que se repetiram consultas populares sem que delas saísse uma solução governativa, os líderes partidários chegaram a um acordo para um governo de coligação entre o Likud, de Netanyahu e o Partido Azul e Branco, de Benny Gantz. Na solução a que chegaram, um governo de presidência bicéfala, mostraram estar bem um para o outro. Em pleno período pandémico refugiaram-se no argumento de que “não se vivem dias normais”. A pandemia tem as costas largas e vai continuar a ter. (…) O objetivo de Netanyahu é ganhar tempo, no que é exímio, porque, segundo Rahat, o processo judicial arrastar-se-á por vários anos e, dentro de 14 meses, haverá eleições presidenciais às quais se candidatará e, se vencer, contará com uma imunidade de 7 anos, no mínimo! Benny Gantz deu-lhe a mão. Maquiavélico? Não surpreende se olharmos o mundo de hoje. Comparado com os tiranetes que por aí medram o pensador florentino é um menino de coro. Como manobra de diversão Netanyahu vai-se entretendo a tentar anexar a Cisjordânia executando o “acordo do século”, ou melhor o “aborto do século” de Trump. Ou, se tanto for necessário, tem ali Gaza mesmo à mão para umas rápidas ações militares “preventivas” que garantam a segurança a que Israel tem direito. E aí Benny Gantz também não lhe negará apoio.» Pedro Pezarat Correia, in Os bandidos ao poder, via Clube de Jornalistas.
«(…) Gonçalo foi sempre um patriota, monárquico, antifascista e profundamente democrata. Trabalhei de perto com ele em 1979 na preparação da Aliança Democrática liderada por Sá Carneiro. Recordo uma discussão entre os três protagonistas da AD — Sá Carneiro, Freitas do Amaral e Gonçalo — sobre a estratégia a seguir. Alguém perguntou quem era o nosso inimigo principal. Para Freitas era o projeto do PCP, para Sá Carneiro era o eanismo. Ribeiro Teles não hesitou: o nosso inimigo principal é o eucalipto.(…)» Helena Roseta, Público 26mai2020.
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