terça-feira, 3 de março de 2020

Bico calado

  • Avioneta voa perto da Estátua da Liberdade com tarjeta que diz «Liberdade para Assange». ScotlandForAssange/Twitter.
  • «Que exista um político eleito que possa sequer ironizar o império da Constituição é aberrante, e que o sistema não se imponha penalizando-o imediatamente e de modo veemente é mais aberrante ainda. É uma falha ingénua da democracia, que se vê posta em causa no que tem de mais sagrado.» Valter Hugo Mãe, in O império da ConstituiçãoJN 1mar2010.
  • Há nepotismo e conflitos de interesse na comissão especial nomeada por Trump para coordenar a luta contra o Coronavírus, escreve Sharon Lerner na The Intercept. Dos 16 membros dessa comissão, - 17, se se incluir o vice-presidente Mike Pence, que a lidera -, apenas quatro têm formação em ciência ou medicina. Os outros são oriundos do mundo dos negócios: o secretário do Tesouro Steven Mnuchin, um banqueiro de investimentos que foi processado por extorção de ativos; Ken Cuccinelli, advogado e auto-intitulado adversário da homossexualidade, agora servindo como vice-secretário interino de segurança interna;  Christopher Liddell, ex-executivo da Microsoft e da General Motors, que trabalhou com Jared Kushner na modernização dos sistemas federais de comunicação e informação; Alez Azar, secretário de Estado da Saúde desde 2018, foi patrão da gigante farmacêutica Eli Lilly e, enquanto a dirigiu, a insulina duplicou de preço; Joseph Grogan foi lobista de outra gigante farmacêutica, a Filead Sciences, antes de ter sido contratado para diretor do Domestic Policy Council. Refira-se que Trump despediu muita gente que sabia de facto lidar com crises de epidemia. Para não falar no encerramento da unidade global de segurança sanitária do Conselho de Segurança Nacional e no corte de 15 biliões em gastos nacionais em saúde…
  • Corona para sempre, in Tubo de Ensaio/TSF.
  • «O Dow Jones Industrial Average caiu quase 1.200 pontos num único dia por causa do impacto do coronavírus no comércio global, deixando muitos americanos super preocupados. Esta queda livre do Dow apagou milhões de dólares das contas de pensões e expôs outro tipo de epidemia - a insegurança da aposentação. Já lá vai o tempo em que a combinação de planos de previdência da empresa, previdência social e poupança pessoal podia garantir um bom fim de vida. A maioria das empresas eliminou os planos de benefícios definidos, fornecendo um fluxo de renda confiável e implementou os planos que deixam os trabalhadores à mercê da volatilidade do mercado de ações, como o que abalou os investidores recentemente e esmagou os trabalhadores em 2008. Hoje, os americanos têm tanta angústia com o futuro que cerca de 29% dos baby boomers, 36% da geração X e 77% dos millennials temem que nunca possam aposentar-se ou terão que trabalhar após a idade normal de aposentação.» Tom Conway, in America Faces an Epidemic of Retirement Insecurity - TruthDigg.
  • «A Austrália cooperou com o Reino Unido no sucesso da duplicação da bomba de plutónio do Projeto Manhattan. O primeiro-ministro Menzies, sem a aprovação dos australianos, concordou com o pedido britânico de detonar bombas atómicas na e sobre a Austrália. Isso envolveu a exclusão do australiano Sir Mark Oliphant da participação na Comissão de Segurança de Armas Atómicas (AWTSC). Em vez de satisfazer os desejos britânicos, a Austrália nomeou o professor inglês Titterton, especialista em radar e tempo, para essa comissão. Embora a comissão não fosse uma comissão britânica, era paga pelos australianos, estando subordinada e reportando ao governo australiano. Titterton rapidamente passou a liderar a comissão. O juiz Jim McClelland, durante a Comissão Real do Bombardeamento Nuclear Britânico da Austrália, concluiu que Titterton deliberadamente manteve importantes informações de segurança da comissão de segurança, do governo australiano e do povo australiano. O juiz McClelland descobriu que Titterton agiu segundo protocolos de segurança impostos pela Grã-Bretanha e pelos Estados Unidos. E que isso era contrário aos interesses australianos e à segurança dos australianos. Os resultados desse engano contra a Austrália continuam a fazer-se sentir na Austrália hoje. A Grã-Bretanha foi um dos primeiros clientes do urânio australiano. Na mina de Rum Jungle, o urânio foi processado em Port Pirie, onde ainda se mantém uma lagoa de rejeitos. Por muitos anos, foi mal vedada e as crianças locais nadaram nela pelo menos até à década de 1970. O governo negou qualquer problema, mas as crianças não foram acompanhadas. Amostras de urânio foram levadas ao laboratório Amdel na West Thebarton Road, perto de Adelaide, para testes e análises. Remessas regulares de urânio foram enviadas para Inglaterra - algumas sendo usadas no reator nuclear Windscale. A partir dessa fissão de urânio natural australiano no reator, foi produzido plutónio para armas. Esse plutónio foi usado como combustível para as bombas atómicas britânicas chamadas "Danúbio Azul". Os britânicos detonaram essa arma nas Ilhas Monte Bello, na Austrália Ocidental. Esta cooperação britânica e australiana manteve-se até aos anos 50. As últimas bombas britânicas foram detonadas sobre e na Austrália em 1957. Os britânicos também espalharam deliberadamente poeira de plutónio pelo interior durante os chamados testes de segurança. Embora vários australianos tivessem conhecimento disso e que desejassem divulgar o problema com o povo australiano, o governo australiano ameaçou essas pessoas com muitos anos de prisão se elas se manifestassem. O governo australiano emitiu avisos que obrigavam os jornais a não divulgar detalhes específicos. Houve mais de um "Incidente de Névoa Negra". Mesmo depois do encerramento da Comissão Real da década de 1980, e de se ter descoberto que os locais australianos destruídos pela Grã-Bretanha com a ajuda do governo australiano estavam perigosamente contaminados, vários veteranos envolvidos foram perseguidos por funcionários durante muitos anos depois. Ric Johnson teve a sua correspondência correio intercetada, aberto a vapor e reenviada para ele. Isso aconteceu nos anos 90. Na década de 1950, os cientistas australianos do CSIRO foram perseguidos pelas secretas britânica e australiana.» Parte 1 de Um estudo do "Relatório do inquérito sobre os pré-requisitos para energia nuclear na Austrália" da Comissão Parlamentar Australiano 2020. Nuclear Power in Australia.

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