domingo, 29 de dezembro de 2019

Bico calado

  • «(…) Curiosíssima é ainda a referência à Secção dos Municípios com Barragem da Associação Nacional de Municípios. Esta não foge à regra geral (porque haveria de fugir?) das outras secções, que convido o leitor a visitar na página da internet da ANMP. São nove e com temas absolutamente cruciais para o desenvolvimento regional, como a atividade taurina! A maior parte das atas são secretas o que não deixa de ser curioso, numa corporação autárquica. Um pouco mais de transparência não lhes ficava mal. A menos que esse segredo seja para “proteger” a pouquíssima utilidade e ainda menor participação que aquelas que são públicas já revelam. Em concreto, a dos Municípios com Barragem integra oitenta e oito municípios e já realizou seis reuniões. De duas delas não há ata. Das outras quatro, duas atas são de acesso reservado!!! Das restantes, em que os senhores autarcas se deram ao incómodo de partilhar com os humildes cidadãos as suas elevadíssimas decisões, uma foi electiva e nela participaram apenas 26% dos membros (conceção bizarra da participação democrata!) A outra teve quórum ainda inferior (24%) e foi, vejam bem, para protestar com a atuação da EDP!!!! E esta, hein? – como diria o saudoso Fernando Pessa!» José Mário Leite, in Jornal Nordeste.
  • «(…) Será que sente vergonha por Sousa Lara, porta-voz nacional do Chega para questões de segurança e geopolítica, ter beneficiado durante anos do pagamento de uma subvenção vitalícia? O regime de subvenções vitalícias, nascido na década de 80 por acordo entre o PS e PSD, sempre foi um privilégio inaceitável da elite política portuguesa. O Bloco de Esquerda combateu-o energicamente e, em 2005, conseguimos finalmente acabar com este insulto aos portugueses. Isso cortou o pagamento a Sousa Lara, mas não o direito, porque infelizmente, os direitos adquiridos anteriormente continuam em vigor por decisão de PS e PSD. É por isso que na lista de 300 privilegiados consta o nome de Sousa Lara, o porta-voz do Chega. Vergonha? No currículo do porta-voz do Chega encontra-se ainda o envolvimento num dos maiores escândalos da década de 90, o “Caso Moderna”, um escândalo de corrupção, gestão danosa e associação criminosa ligado à Universidade Moderna, onde não faltaram as presenças da maçonaria e de Paulo Portas. O Ministério Público acusou-o inicialmente de quatro crimes de apropriação ilícita, associação criminosa e administração danosa. Sousa Lara acabaria condenado em primeira instância por administração danosa e ilibado em segunda instância, tal como praticamente todos os arguidos. O jornal onde André Ventura é hoje comentador residente comentaria à época que o desfecho do “Caso Moderna” era uma vitória dos poderosos. Vergonha? Contudo, o que deu dimensão nacional a Sousa Lara (e internacional, diga-se) foi a censura a Saramago. O então subsecretário de Estado da Cultura de Cavaco Silva decidiu vetar a presença de uma conhecida obra do escritor na candidatura portuguesa ao Prémio Literário Europeu. A justificação? “Não representa Portugal.” Poucos anos mais tarde, José Saramago ganharia o Prémio Nobel da Literatura. Uma chapada de luva branca. Hoje, André Ventura rasga as vestes em nome da liberdade expressão, mas escolhe ter ao seu lado um dos mais conhecidos censores portugueses. Vergonha? E o que dizer de Peixoto Rodrigues? Este sindicalista da polícia, presidente do Sindicato Unificado da PSP, foi aposentado compulsivamente por ter faltado 83 dias seguidos ao serviço sem apresentar justificação. Está ainda constituído arguido num processo de fraude onde terá lesado o Estado em mais de 60 mil euros. Apesar de André Ventura conhecer estas lamentáveis práticas abrigou-o nas suas listas e classificou-o como um dos “rostos da proposta política do partido”. Vergonha? E o que sentiu André Ventura quando lhe apareceu a Polícia Judiciária à porta para o investigar no âmbito do mega-processo de corrupção autárquica “Tutti Frutti”? A PJ suspeita que André Ventura tenha feito parte de um esquema partidário que criou um saco azul de financiamento ilegal através da contratação de um assessor fantasma para o seu gabinete de vereador na Câmara Municipal de Loures. Vergonha? (…)» Pedro Filipe Soares, in As vergonhas de Ventura.
  • Uma jornalista assassinada. Negócios offshore obscuros. Uma pequena nação sob o domínio de interesses criminais de larga escala. Estes são os principais parâmetros que levaram à eleição do primeiro-ministro maltês Joseph Muscat como pessoa do ano da OCCRP 2019 em Crime organizado e corrupção.

1 comentário:

OLima disse...

Sobre Sousa Lara: «Sousa Lara, o facho mor do reino»,
TSF - Tubo de Ensaio.
https://www.tsf.pt/programa/tubo-de-ensaio/emissao/sousa-lara-o-facho-mor-do-reino-11708500.html