terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Bico calado

  • A Rússia foi proibida de participar durante quatro anos em todos os principais eventos desportivos, como os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, em 2020, e na Copa do Mundo de 2022 no Catar. Euractiv. Já lá vão os tempos em que a autoridade máxima de combate ao doping abatia um após outro atleta de alta competição apanhado a dopar-se. Era um de cada vez. Ainda se lembram quantas voltas a França o Lance Armstrong ganhou e quantos anos foram precisos para denunciar e provar o sofisticadíssimo programa de doping desenvolvido pela engrenagem norte-americana? Convenhamos que o doping só existe por força da enorme pressão da sociedade e das máquinas mediáticas, comerciais e de relações públicas. Não há inocentes: todos ajudamos a alimentar a constante ultrapassagem de recordes e de limites, esta autofágica competição que envenena este mundo de consumismo voraz e desastroso.
  • Alan MacLeo prepara uma tese de doutoramento e um livro sobre a cobertura mediática da América Latina. Alguns jornalistas revelaram-lhe truques que usam para vender estórias pintando a Venezuela como uma distopia socialista. Por exemplo, Anatoly Kurmanaev, e correspondente da Bloomberg, publicou uma notícia falsa sobre o preço exorbitante (750 dólares) das caixas de preservativos na Venezuela, que inundou o panorama mediático. Kurmanaev sublinhou que o seu objetivo era "conectar" os leitores a uma estória mais abrangente sobre a morte da Venezuela sob o socialismo. «Quando você clica», disse o repórter, «o leitor comum fica viciado e lê sobre questões realmente importantes, como problemas de SIDA na Venezuela, gravidez na adolescência, impacto social da falta de contraceção, impacto na saúde pública, coisas que eu acho serem importantes para contar. Mas para isso tem que se usar táticas sexy.» Por outro lado, Matt Kennard, que cobriu a Bolívia e a Venezuela para o Financial Times, explicou como as simpatias políticas impostas pelas principais empresas vergaram o espírito crítico dos jornalistas: «Eu nunca contei estórias que eu sabia que nunca seriam publicadas. O que você lê no meu livro nunca, de qualquer forma, mesmo em forma de notícia, entra no Financial Times. E eu sabia disso e não era estúpido. Eu sabia que nem seria aceite. Depois de me terem rejeitado vários artigos, parei... Foi uma autocensura total.» The Grayzone.
  • Cerca de um quinto dos edifícios escolares ingleses exigem reparações urgentes, admitem serviços oficiais referidos pelo The Guardian.
  • Ronaldo ofereceu a sua camisola da Juventus a Israel Katz, ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel. Esta atitude surpreendeu alguns fãs árabes que consideravam Ronaldo um dos apoiantes da causa palestina após ele ter expressado solidariedade para com a Palestina várias vezes no passado. Em 2012, Ronaldo entregou o seu prémio Bota de Ouro à fundação Real Madrid, que mais tarde a leiloou para arrecadar dinheiro para a construção de escolas na Palestina. Os palestinianos consideram que este ato de relações públicas de Israel apenas pretendeu branquear as suas políticas criminosas de limpeza étnica, o cerco, repetidos ataques militares a Gaza, a demolição de casas palestinas, construções ilegais de colonatos e muros do apartheid. MEM.

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