Bico calado
- «(…) A doutora Raquel Varela, de quem sou amigo e por quem tenho muita estima, defende a bondade deles. Mais, defende que eles são meus defensores e escreve no Público que a democracia em Portugal está a ser defendida pelos motoristas reunidos num sindicato de motoristas de camiões cisterna de combustíveis, a que atribuíram de moto próprio a categoria exclusiva de matérias perigosas. Na realidade a categoria de matérias perigosas abrange mais cargas, desde a água ao transporte de animais, de ar líquido a ácidos, de farinhas a caixas de bebidas. Até o lixo é matéria perigosa. Estes motoristas e os seus padrinhos apenas identificam os combustíveis como matérias perigosas porque são os combustíveis que lhes permite perturbar a vida da sociedade, de causar danos económicos e sociais de forma rápida e com resultados garantidos. Como os faquistas sabem onde espetar o punhal. Adiante, porque a defesa da democracia é um ato sério, praticado por gente séria. Não é o caso dos dirigentes deste sindicato erigidos pela doutora Raquel Varela em condestáveis da democracia. Alguém os viu em algum ato de defesa da democracia, numa eleição democrática, na defesa de saúde ou educação pública? Na luta pelos direitos de minorias? Na defesa de uma causa como a da paz, ou do ambiente? (…)Nem ao dito vice presidente Pardal Henriques, nem ao dito presidente do sindicato Francisco São Bento são, pois, conhecidas anteriores intervenções sindicais, de ordem cívica, política, ou cultural. São dois arrivistas, de passado obscuro e de presente suspeito. Quem está por detrás deles? Uma estudiosa dos movimentos sociais acredita em salvadores saídos do nada? Nem a Joana d’ Arc, o foi. Nem qualquer dos revolucionários franceses, nem russos. Todos os protagonistas de movimentos sociais tinham uma história. Até os relâmpagos têm uma causa, uma origem conhecida. Estes dois salvádegos da democracia não, saíram do ovo e logo se transformaram em serpentes! Ora é a estes dois neófitos da luta sindical e da luta cívica e política que Raquel Varela atribui a defesa da democracia! E tantos homens e mulheres dignos foram torturados, presos, exilados, assassinados por lutarem pela democracia e afinal era tão fácil e rápido! (…)A greve deste sindicato ad hoc, feito ao microondas, ou de uma Bimby, pode muito bem ser um instrumento de uma estratégia muito mais vasta. Um dia saberemos. Antes convinha, por prudência, não classificar o doutor Pardal Henriques e os seus apoiantes de cavaleiros da liberdade e da democracia. Os combatentes da liberdade – freedom fighters – inventados e incensados por Reagan nos anos 80 do século passado afinal eram talibãs e alquaedas financiados pelos Estados Unidos! (…)A minha avó, uma mulher que aos dezoito anos saiu dos Açores para os Estados Unidos, que foi recolhida na ilha Ellis, que atravessou a América de Providence à Califórnia para ir ter com o homem com quem casou, que viveu nas terras do Oeste, no Vale de São Joaquim, dizia que mais valia um ano de tarimba que cem de Coimbra. Pese embora o exagero e a necessidade do estudo sério e profundo, convém dar também atenção às vozes de pessoas como a minha avó Honorina e até à do Padre Américo, o fundador da Obra do Gaiato, de quem terá ficado apenas a primeira parte da frase em que ele apreciava os jovens recolhidos e de quem desconhecia o passado: «Não há rapazes maus». Ficou censurada a última parte: O que há é muito filho da mãe. Os estudos sociais deviam tomar em consideração os filhos da mãe, porque eles existem e não são todos burgueses e aristocratas. (…)» Carlos de Matos Gomes, in Se o Pardal Henriques é o condestável da democracia, eu sou o Zaratustra - Jornal Tornado.
- «(…) O Pardal Henriques e os seus homens de mão, motoristas de camiões de combustíveis, são, neste caso, apenas o pretexto para potenciar grupos políticos em tempo de eleições. Uma acção perfeitamente legítima. Mas não há necessidade de tratar os motoristas como coitadinhos vítimas da exploração e da violência do Estado. (…)» Carlos de Matos Gomes, in Libelo contra a petição a favor de sindicatos abutres e de greves neoliberais - Jornal Tornado.
- O presidente do Instituto do Seguro Social de Moçambique Francisco Mazoio foi preso na sequência de uma investigação sobre o uso de fundos da instituição numa injeção de capital numa companhia aérea privada. Fonte.
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