quarta-feira, 8 de maio de 2019

Bico calado


Israel poderá ter feito batota no festival da Eurovisão?
É possível imaginar esse cenário se soubermos o que aconteceu com uma sondagem lançada há dias pela publicação irlandesa TheJournal.ie  perguntando se a RTE devia boicotar o festival deste ano, como pediam várias rganizações internacionais de defesa dos direitos humanos. Rapidamente se registou uma maioria de dois terços a favor do boicote. Porém, estes resultados evoluiram subitamente para 56% contra o boicote e apenas 42% a favor, o que deixou os ativistas irlandeses perplexos uma vez que a Irlanda é um país tradicionalmente solidário para com a luta do povopalestiniano. 
O truque foi descoberto e dissecado por Michael Bueckert, um canadiado responsável pela @AntiBDSApp, uma conta criada no Twitter para seguir a atividade da aplicação Act.IL contra o boicote. Bueckert descobriu que a aplicação Act.IL não só dirigiu os apoiantes de Israel para panticiparem na sondagem da TheJournal.ie como ainda lhes forneceu instruções de como votar mais de uma vez, nomeadamente apagando os cookies. A embaixada de Israel em Dublin tratou de promover e difundir os resultados manipulados da sondagem mostrando que os irlandeses apoiavam o festival da Eurovsão em Israel. 
Foi o próprio Tzahi Gavrieli, ministro dos negócios estratégicos, a confirmar, numa comissão do parlamento israelita, a elevada importância estratégica que a Eurovisão representa para os esforços de propaganda internacional do país: «Realizar o festival da Eurovisão é altamente significativo para Israel. Sendo um projeto nacional, tem de ser supervisionado por uma comissão interministerial que inclui não só os ministérios dos negócios estrangeiros, da cultura e do turismo, mas também o gabinete do primeiro-ministro e outras entidades». 
O primeiro-ministro turco já acusou publicamente Israel de ter feito batota, embora não tenha produzido qualuer prova. Mas a batota de Israel contra uma sondagem de uma publicação irlandesa aliada à importância dada pelo governo de Israel à Eurovisão levanta dúvidas razoáveis acerca da integridade do festival de 2018. Refira-se que a aplicação Acr.IL foi criada através de uma parceria entre lóbis pró-Israel e o ministério dos negócios estratégicos de Israel, que subsidiou o projeo com 600 mil dólares e contou comfundos significativos de Sheldon Adelson, um importante patrocinador de causas anti-Palestina e o maior doador da campanha eleitoral de Donald Trump.



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