Recortes de notícias ambientais e outras que tais, com alguma crítica e reflexão. Sem publicidade e sem patrocínios públicos ou privados. Desde janeiro de 2004.
domingo, 30 de dezembro de 2018
Bico calado
Donald Trump em 2013: o presidente devia ser despedido quando o orçamento é chumbado. YouTube.
Está visto que Trump é um mentiroso compulsivo. Desta vez atingiu o cúmulo: perante tropas norte-americanas estacionadas no Iraque, gabou-se de lhes ter subido os salários em 10% após 10 anos de longo jejum salarial. Não só o aumento deste ano foi de 2,6% como tem havido aumentos para as tropas todos os anos.The Washington Post.
«(…) Como é que Trump é capaz de ter feito tanta coisa negativa, qual super-homem do Mal? A resposta é simples: é Presidente dos EUA, o homem mais poderoso do planeta, e não responde a nada a não ser ao seu próprio narcisismo e aos mecanismos do narcisismo, sondagens, audiências, aos bajuladores e sicofantas, e está cada vez mais preso no casulo do seu Ego doentio.(…) Eu passei o ano entre a explicação racional, a explicação do que ele faz e do seu sucesso e insucesso, e a tentação do irracional, Trump não é bom da cabeça. Cada vez mais penso que são as duas coisas. O que é mais grave é que toda a gente nos EUA que o conhece e com ele contacta sabe que é assim. Suspeito aliás que mesmo na sua base mais fiel, há muita gente que sabe que ele não regula bem. (…) Trump mostrou a força da negatividade, um dos mecanismos base do populismo moderno. Conseguiu uma coisa que até agora lhe tem garantido imunidade, mesmo para os actos mais graves quotidianos: conseguiu ser o azorrague dos inimigos de muita gente, a emanação da vontade de vingança e ódio, o cavaleiro andante de muito ressentimento. E nos dias de hoje isso é muito poderoso. Trump foi a todas as cloacas da vida que se manifestam nas redes sociais e fê-las correr a céu aberto e inundar mesmo as terras que eram sadias e limpas. Ele é o primeiro político típico do século XXI. (…) Trump não vai abandonar o poder a bem mesmo que perca as eleições. Ele encontrará uma qualquer teoria da conspiração porque é incapaz de admitir sequer que ele, o “génio estável”, possa perder uma eleição. E nas chamas tribais que ele incendeia todos os dias isso é um risco de guerra civil. Não como as do passado, mas as modernas, as que vão das igrejas evangélicas aos hackers de Moscovo, passando pelas redes sociais e pelo ataque à liberdade de imprensa e por juízes políticos. Não sei como vai ser, mas não vai ser bom e se a gente não usa todas as armas da democracia vai perder.» José Pacheco Pereira, in Prendam o Trump! E não faltam motivos para isso – Público 29dez2018.
«A ameaça amarela era inócua, mas houve muita gente a servir-se dela para alimentar uma cosmopolítica do medo. Já todos deveríamos ter percebido que o diagnóstico de perigosidade é um prognóstico que privilegia sempre o cenário mais catastrófico; e que as verdadeiras catástrofes ocorrem em situações que não foram previstas. Felizmente, as catástrofes ficam quase sempre aquém das previsões. Mas gostam de se exceder quando estamos distraídos e nada tinha sido previsto.» António Guerreiro, in Público 28dez2018.
«(…) Com a perda de audiência de todos eles (considerados individualmente), resultado de uma infindável proliferação, os media de informação passaram a privilegiar acontecimentos e personagens disruptivos. Acontecimentos embora menores, mas que dão o sentimento de que, decididamente, nada funciona nesta nossa democracia. Personagens líderes ultra-egocêntricos de sindicatos, ordens ou ligas que fazem declarações e propõem ações quantas vezes inaceitáveis e até antidemocráticas. No seu umbigo-centrismo, estes personagens perceberam bem que a boa estratégia para passarem constantemente nos media, e sobretudo na televisão, é fazerem declarações mais ou menos aterrorizantes: ausência de aulas ou de avaliações nas escolas, atrasos em atos médico-cirúrgicos decisivos, riscos de incêndios fora de controlo... E os media, esquecendo-se da responsabilidade social do jornalismo, põem-nos em evidência e até favorecem, reforçam este tipo de atitudes. Agindo de facto como verdadeiros bota-fogos de situações capazes de constituir autênticos atentados à democracia legalmente constituída.» JM Nobre-Correia, in Do jornalismo bota-fogo – Público 28dez2018.
Nos últimos quatro anos, a Câmara de Barcelona adquiriu 22 prédios inteiros com 401 residências, para expandir o parque habitacional público e evitar que os apartamentos caíssem nas mãos de fundos abutres que expulsam famílias inteiras dos seus bairros. Info Barcelona.
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