terça-feira, 20 de novembro de 2018

Bico calado

  • «Não fomos educados para pensar. O que eles chamam de opinião pública é, na verdade, a opinião dos media criada pelos poderosos». José Luis Sampedro, maio 2011.
  • «(…) o currículo devia começar no fim: foi pelos cargos políticos que teve em Portugal que Portas tem os vários empregos de lobista que elenca por todo o lado, do México a Angola, passando por Portugal. Se tivesse de fazer uma declaração de interesses, mesmo para presidente de uma Junta de Freguesia, e este fosse um País a sério nestas matérias, ele não podia ter nenhum cargo político em qualquer lugar da hierarquia de um Estado. Se fosse um estado a sério seria assim, mas suspeito que a carreira política de Portas esteja acabada. Ele entrará, voltará e sairá, o que é fundamental para um lobista, para refrescar os seus contactos e as suas informações. Portas, como acontece com outros lobistas, não tem especial preparação para estas funções, se elas fossem definidas pelos seus títulos pomposos. Mas tem os contactos, e tem a informação que anos de governação em áreas sensíveis lhe deram. Aliás, como se viu no Ministério da Defesa, não a terá só na cabeça, mas no papel, visto que está por esclarecer o que aconteceu aos milhares de fotocópias que teria levado para a casa, em violação da lei. Mas nestas matérias, o País também não se toma a sério. Hoje bastava uma pen, é mais discreto.(…)» José Pacheco Pereira, in Sábado.
  • «O Governo da Madeira e a Assembleia Regional continuam a dar mostras de incompetência ou de algo bem pior de que nos escusamos de qualificar. Já não bastando que tenham nomeado para Diretora Regional da Economia uma arguida em substantivo processo de fraude com fundos europeus, queriam agora forçar o ministro Pedro Marques a comparecer numa comissão regional sobre o serviço da TAP para as duas ilhas do arquipélago. Terá sido por má-fé ou desconheciam que um ministro da República só presta contas junto da Assembleia sedeada em São Bento, não estando obrigado a qualquer dever semelhante para com os poderes regionais? E quanto à TAP, não sendo empresa sob tutela regional, também o governo do Funchal, nem a respetiva Assembleia, têm qualquer competência para sobre ela decidir o que quer que seja. (…)» Jorge Rocha, in Ventos Semeados.
  • «Na Inglaterra, a falta de habitação aumentou 60% desde 2010, e o índice de sem abrigo aumentou 134%. Há 1,2 milhões de pessoas na lista de espera de habitação social, mas menos de 6.000 casas (habitações sociais) foram construídas o ano passado.» Philip Alston, relator especial das Nações Unidas.
  • O uso de bombeiros privados por parte das celebridades para proteger as suas propriedades de incêndios florestais oferece um quadro inquietante - se previsível - em relação ao nosso futuro climático: os desastres vão piorar, e os ricos pagarão para ficar de fora. Desde o início deste século, companhias de seguros como a Chubb e a AIG despacharam bombeiros privados para salvaguardar a propriedade dos seus clientes ricos. Entretanto, o investimento público em gestão de incêndios estagnou e o financiamento federal para alívio de desastres desceu imenso. Para cúmulo, o governo Trump recusa-se a reconhecer e muito menos a preparar-se para os grandes impactos climáticos que se prevêem até 2040. As alterações climáticas já afetam principalmente os pobres. O que está a acontecer na área do combate aos incêndios faz lembrar o passado. Os EUA consideraram o combate ao fogo um bem público desde meados do século XIX. Antes disso, as cidades seguiam um modelo desastroso importado da Europa: corpos de bombeiros particulares apoiados por companhias de seguros respondiam a incêndios que ameaçavam os clientes pagantes, deixando queimar algumas casas sem seguro. Em alguns sítios, placas sobre as portas identificavam o serviço de bombeiros contratado pelo residente. A proteção contra incêndios, como a educação e a água limpa, é geralmente considerada um bem público. Esses serviços beneficiam todos e refletem o princípio de que toda a pessoa tem direito à segurança básica. Mas a partir de Reagan, os EUA adotaram agressivamente a privatização dos serviços públicos: educação, saúde, água, prisões, proteção contra incêndios e muito mais. Casey Williams, in Medium.
  • Atualização do caso Odebrecht na Colômbia: a principal testemunha que morreu na semana passada, possivelmente envenenada por cianeto, contatou as autoridades americanas em busca de proteção. Bloomberg.
  • A TV Globo e a GloboNews foram proibidas de noticiar quaisquer informações a respeito do inquérito policial que investiga os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março.
  • Steve Bannon era, em outubro de 2015, vice-presidente da Cambridge Analytica e esteve profundamente envolvido com os líderes da Leave.EU, uma organização nacionalista de extrema-direita, revelam mensagens eletrónicas divulgadas por Emma Briant, professora da George Washington University, perita em desinformação. No mês seguinte, a Leave.EU lançou publicamente uma campanha destinada a convencer os eleitores britânicos a apoiar um referendo a favor da saída da União Europeia. O Reino Unido votou por pouco para o chamado Brexit em junho de 2016. The New Yorker.

1 comentário:

OLima disse...

O envolvimento de milicianos no assassinato da veradora Marielle Franco, em março deste ano, foi confirmado pelo secretário de Segurança do Rio, general Richard Nunes, em entrevista à GloboNews
O Globo.
https://oglobo.globo.com/rio/morte-de-marielle-franco-teve-participacao-de-milicianos-garante-general-richard-nunes-23249878