sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Reflexão - Vítimas do furacão Michael votaram em céticos do clima


As eleições têm consequências. Negar a ciência tem consequências. E os norte-americanos estão a colher o que semearam, escreve John Abraham no The Guardian de 11out2018.

Os habitantes da Florida estão preocupados perante este poderoso tufão de categoria 4 que está a causar grandes danos. Os ventos fortes, chuvas fortes e tempestades vão custar biliões de dólares. Sabemos que as alterações climáticas estão a dar força a estas tempestades. As tempestades alimentam-se de águas quentes do oceano, e essas águas estão muito mais quentes agora devido às alterações climáticas provocadas pelo homem.
Rick Scott, governador da Florida, foi condenado pela sua postura atrasada. Foi o seu ceticismo climático que contribuiu para o sofrimento dos habitantes do estado. Os meus colegas tentaram ajudar o governador Scott a compreender que as suas políticas prejudicavam o seu e incentivaram-no a levar as alterações climáticas a sério. Ele manteve-se calado. Os media também apelaram para que ele tomasse medidas para mitigar os impactos das alterações climáticas. Em vão. Será que foi porque Rick Scott investe em empresas que combatem as regulamentações ambientais? Os seus adversários políticos também tentaram convencê-lo. Felizmente que Rick Scott está a concorrer para o Senado e tem como opositor o Democrata Bill Nelson, que acredita na ciência, que acredita em factos, que afirma que as alterações climáticas são reais e que temos que tomar medidas para nos protegermos.
Para além de Rick Scott, a Florida tem outro senador que também rejeita a ciência e menospreza as alterações climáticas: Marco Rubio. (…)
Primeiro, este furacão e todos os furacões que atingem a terra podem causar morte e destruição. (…)
Segundo, as eleições têm consequências e se nós, como sociedade, queremos criar um mundo melhor e reduzir os impactos das alterações climáticas, temos que votar em pessoas que compreendem a ciência, que acreditam em factos. Os negacionistas do clima estão a agravar essas tempestades, interrompendo as ações contra as alterações climáticas. (…)
Terceiro, para aqueles que dizem que “agir sobre o clima é muito caro”, que tal somar os custos mundiais da inatividade na última década? A minha resposta é que sai muito caro não fazer nada.
Quarto, o que aconteceu ao Partido Republicano? Antigamente o Partido Republicano considerava-se como um partido de intelectuais. Como é que se tornaram um partido em que negar a ciência é um teste decisivo? Onde estão os republicanos que realmente compreendem as alterações climáticas e se importam com isso? (…)
Finalmente, as alterações climáticas estão apenas a começar. Vão piorar muito mais. E isso significa que as tempestades vão ser piores, as secas serão mais prolongadas, as inundações serão mais severas e os custos subirão. O que estamos vendo agora e o que vimos na última década é apenas uma pequena amostra do que o futuro trará se não levarmos este problema a sério. (…)
É espantoso como um estado como a Flórida, que está a ser agredido pelo furacão Michael, possa votar em alguém que nega as alterações climáticas. Pensem em como a situação está atrasada - o Departamento de Proteção Ambiental da Flórida terá sido proibido de usar os termos “alterações climáticas” e “aquecimento global”. Esta política entrado em vigor quando a Flórida elegeu um negacionista da ciência, Rick Scott, para governador.»

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