quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Bico calado


«(…) Pobres árvores que foram abatidas para que o personagem nelas afixasse toda a sua verborreia despeitada. Se as televisões têm tido mérito na divulgação de algumas partes do vómito só lhes devemos reconhecer a possibilidade de vermos mais do que confirmadas todas as péssimas opiniões, que ele nos merece. No entanto, ainda há quem acredite que ele era economista de mérito - coisa que nunca foi! - ou político exemplar—o que ainda menos conseguiu ser. Pelo contrário ele é exemplo lapidar—para utilizarmos o conhecido título do romance de Robert Musi - de homem sem qualidades e com quase todos os defeitos. Cavaco mostrou-se vil para com quem odiou, desde José Saramago a António Costa, oportunista ao surgir no Congresso da Figueira da Foz para liderar o PPD, quando Mário Soares acabava de garantir um fluxo prodigioso de dinheiro europeu para desenvolver o país (quão fácil foi parecer grande político às custas de tal «milagre»), ganancioso como o demonstrou com o negócio da Casa da Coelha ou com as ações do BPN «compradas» e vendidas no tempo certo, e com comportamento de pequeno chefe mafioso capaz de reunir em seu torno uma corte de oportunistas, todos eles vindos de estratos economicamente remediados (a pequena-burguesia que costuma servir de base social aos movimentos fascistas!), e todos eles hoje integráveis no restrito lote dos noventa mil milionários lusos.(…)» Jorge Rocha, in Ventos semeados.

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