terça-feira, 16 de outubro de 2018

Bico calado

  • «(…) o Orçamento não é português, é estrangeiro, subordinado aos interesses dos nossos credores e às políticas que eles impõem, que não são “portuguesas” num aspecto fundamental — é que não servem o interesse nacional, nem as necessidades de desenvolvimento do país, mas apenas a submissão às políticas alemãs e à vulgata política da troika disfarçada de inevitabilidade económica. O Orçamento serve o pagamento da dívida transformado no alfa e no ómega de toda a política de défice zero. Há outras coisas sob o mesmo céu, mas aqui o sol não nasce para todos. O Orçamento não é aprovado pelo Parlamento português, que apenas assina de cruz um texto que é decidido em Bruxelas e no Eurogrupo, que tem um direito efectivo de veto sobre as suas medidas. A perda do poder orçamental do Parlamento português, nunca discutida, nem decidida pelos portugueses, é uma das mais graves entorses da nossa democracia. O Parlamento, cuja função orçamental é crucial na identidade de qualquer parlamento em democracia, está castrado nessa função e uma elite, que fala fininho como os eunucos nas óperas antigas, faz a rábula de uma autoria e de um poder que não tem. (…)». José Pacheco Pereira, in O Orçamento da burocracia de Bruxelas – Público 13out2018.
  • O governo conservador de Theresa May prepara-se para atribuir habitação social e outros apoios como parte de programas de desradicalização de jihadistas. Fala-se de largas centenas que abandonaram as fileiras onde serviram no Iraque e na Síria. Raffaello Pantucci, diretor dos International Security Studies nos Royal United Services considera  isso uma «ideia fantástica», apesar de tardia. Usama Hasan, um ex-fundamentalista salafista que agora luta contra o radicalismo como cofundador da Fundação Quilliam, considerou este plano "sensato". «Obviamente, o governo falou em matar o maior número possível enquanto eles estiverem no estrangeiro, mas sabemos que muitos já regressaram», afirmou ao The Independent. «Esta parece a última tábua de salvação. Dezenas de terroristas deverão ser libertados nos próximos anos e, para os que regressam, pode não haver evidências suficientes para provar que se juntaram à Al-Qaeda ou à Isis.» 
  • Naomi Klein pensa que acabamos de entrar numa nova época do capitalismo a que chama A Idade do Príncipe Mimado, na qual os privilegiados do 1% dominam as nossas instituições e consideram o poder político como seu direito natural. Tudo se resume a uma crença na sua própria superioridade fundamental: "melhores valores, melhor reprodução, uma religião melhor ou, como Trump frequentemente afirma, 'bons genes'". 

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