quarta-feira, 16 de maio de 2018

Bico calado

Imagem colhida aqui.
  • Todos estes mortos palestinianos não valem sequer a expulsão de um diplomata? pergunta Domingos Lopes no Público de 15mai2018.
  • A África do Sul retirou o seu embaixador de Israel, informa o MEM.
  • 54 dos 84 embaixadores em Israel não participaram na cerimónia da transferência da embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalem. Da União europeia, apenas 4 países estiveram presentes: Áustria, Hungria, Roménia e República Checa; fora da EU estiveram presentes 5: Albânia, Macedónia, Sérvia, Ucrânia e Geórgia. 12 países africanos participaram: Angola, Camarões, República Democrática do Congop, Costa do Marfim, Quénia, Sudão do Sul, Tanzania, Etiópia, Nigéria, Zâmbia e Rwanda. Da América Central, participaram os seguintes países: República Dominicana, El Salvador, Guatemala, Panamá e Honduras. Da América do Sul, apenas participaram o Paraguai e o Peru. Quatro países asiáticos estiveram presentes: Myanmar, Filipinas, Tailândia e Vietname. MEM.
  • «(…) Só que vi o resultado do roubo de água, das demolições e da ocupações de casas, como se uma qualquer autoridade divina desse a um povo o direito de roubar ao outro o que lhe pertence. Vi a sabotagem organizada de forma metódica e paciente para tornar um Estado palestiniano inviável. Mais do que isso: para transformar a existência quotidiana dos palestinianos sadicamente insuportável, numa estratégia planeada e prolongada de expulsão de todo um povo da sua própria terra. Só que falei com mães palestinianas num país onde uma quantidade absurda de jovens rapazes passaram por prisões israelitas. Só que falei com os próprios jovens, que crescem na impossibilidade de não odiarem aqueles que os humilham desde o primeiro dia da sua existência. E concluí que o milagre é não haver em cada jovem palestiniano um candidato a terrorista. (…) A claustrofobia de um território com tamanho do concelho de Tomar onde se amontoam quase dois milhões de pessoas miseráveis é insuportável. Cercada por um muro, os medicamentos e alimentos só entram quando os israelitas querem. O que se produz também só sai quando e se eles quiserem, num território hermeticamente fechado onde o desemprego se aproxima dos 70%. Os bombardeamentos ou as expedições militares punitivas são frequentes, destruindo infraestruturas fundamentais para a sobrevivência das populações e matando quem esteja no caminho. (…) O Estado de Israel nasceu de um sonho de liberdade e de segurança. O sonho era legítimo e o nascimento do Estado não o discuto. Nenhum Estado teve o direito natural a nascer e todos eles se afirmaram com guerras, crimes e ocupações. O problema é aquilo em que Israel irremediavelmente se transformou. O objetivo de expulsar os palestinianos da sua terra passou a ser constitutivo da identidade do país. O sonho de liberdade acabou num estado xenófobo, militarista e profundamente corrupto. Israel perdeu a alma. (…) Israel nasceu com o apoio das forças mais progressistas no mundo, dirigido por homens e mulheres que sonharam viver numa pátria de liberdade. É hoje governada por um corrupto que depende de forças de extrema-direita e tem como maior amigo Donald Trump. Israel morreu. Foram os seus muros, os seus guetos e as suas purgas que o mataram. É uma tenebrosa prisão em que a vítima envelhecida repete muito do que aprendeu com o carrasco na sua juventude. Israel era a esperança da humanidade. Hoje é a tragédia que nos lembra que qualquer pessoa, povo ou Estado cometerá os piores crimes se nada fizermos para o impedir. Que a impunidade cria o monstro. Israel é uma das maiores deceções da humanidadeDaniel Oliveira, in Israel MorreuExpresso 14mai2018.

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