segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Bico calado


  • Maria de Lurdes Rodrigues, ex-ministra da Educação, foi eleita para dirigir o ISCTE mesmo depois de ter chumbado na progressão da carreira docente, conta o insuspeitíssimo Expresso.
  • E se o casamento entre casais homo sapiens fosse legalizado? Aprecie as respostas registadas. Youtube (4’)
  • «(…) Mas os sociais-democratas do PSD, os socialistas e os democratas-cristãos fiéis à doutrina social da Igreja não deviam deixar o PCP solitário na vontade de mexer nas leis laborais. Deviam olhar para elas não apenas pela vulgata “económica” que reduziu a economia às empresas e introduzir na economia os trabalhadores. Nessa altura, percebiam muitas injustiças que a legislação laboral alterada nos anos da troika introduziu e perceberiam que é bom para uma sociedade equilibrada, e by the way, para uma economia desenvolvida, que haja um maior equilíbrio na relação entre patrão (ou, se se quiser, empresário) e os “seus” trabalhadores. E se querem perceber o mundo do trabalho fora da “economia” dos anos da troika, olhem para as histórias da Ricón e da Triumph, que são histórias que acabaram em falências e despedimentos, mas tiveram um caminho anterior. A imprensa económica fala pouco desse caminho e do que se encontra, de abusos, de negligências, de ganâncias, de incompetências de empresários, de bancos, de governantes. Partam daí e depois voltem às trabalhadoras – não é irrelevante que sejam mulheres que agora vão passar de operárias a donas de casa – e, por fim, cheguem às leis laborais. Talvez se tivessem mais direitos e estivessem mais seguras do seu emprego, essas mulheres pudessem, em tempo, travar alguns desmandos e “salvar” o seu trabalho e a empresa. Talvez.» José Pacheco Pereira, in Experimentem olhar o mundo do trabalho à luz da Ricón e da Triumph - Público 10fev2018.
  • «Bem podem os críticos do ranking das escolas erguer publicamente os seus argumentos contra uma hierarquização obtusa que poderia figurar como um exemplo de idiotia da nossa época. Estarão sempre em desvantagem porque o exercício é excitante, funciona como um jogo e satisfaz uma pulsão escatológica infantil. E quando se passa para o plano da legitimação racional, o modelo do ranking aplicado às escolas está protegido pelo princípio supremo do mercado: a concorrência. No nosso tempo, ela é uma norma global, imposta a todas as actividades como solução universal para melhorar todos os serviços e para promover um aperfeiçoamento progressivo do indivíduo. A concorrência e a competição exaltam a ideia de mérito e, através de uma operação fraudulenta, fazem dele uma figura do poder chamada “meritocracia”. Mérito e meritocracia não são a mesma coisa. O desenvolvimento de qualidades e competências individuais (inatas ou alcançadas através do estudo, da disciplina e do esforço) que levam ao sucesso é, e sempre foi, digno de apreço. Chamamos-lhe mérito. A meritocracia é uma coisa diferente: é um instrumento político e de engenharia social, ao serviço de um projecto de selecção de poucos através da exclusão de muitos. Atribui-se geralmente a um sociólogo e político inglês, Michael Young (1915-2002), a paternidade da palavra “meritocracia”, que surge como um significante-mestre num romance satírico que ele publicou em 1958, com este título: The Rise of Meritocracy. Nesse romance, um sociólogo narrador situado no ano de 2033 conta e comenta o extraordinário progresso conseguido no seu país ao longo dos últimos cinquenta anos, graças à superação das velhas ideologias igualitárias e graças ao triunfo da meritocracia. A intervenção no campo da educação e das instituições escolares tinha desempenhado um papel crucial na grande transformação: primeiro, as escolas tinham simplesmente seguido a economia na luta pelos mercados, mas a certo ponto uma nova política tinha feito da escola o lugar de experimentação de estratégias mais eficazes e sistemáticas de separação dos inteligentes face aos estúpidos, um processo que depois se impôs com sucesso a outros sectores. E, na fase mais avançada deste processo, as indústrias começaram a aplicar medidas selectivas com base no modelo da escola. No fim, até o exército tinha aprendido a lição escolar. O romance de M. Young é uma utopia negativa. E o seu autor cunhou a palavra “meritocracia” com uma evidente intenção crítica. Mas ela foi reciclada e passou a ter um significado plenamente positivo. E o processo descrito no romance para construir uma escola apta a transformar uma aristocracia de nascimento numa aristocracia de engenho parece ter inspirado a campanha dos rankings, que chega sempre à meia-noite, como o Pai Natal. Tal como no romance de M. Young, a escola “democrática” é assaltada pela lógica do clube selectivo que funciona por cooptação. A concorrência e a competição promovidas pelo ranking à imagem da norma do mercado tornam-se um factor importante da reprodução social. A estrutura social das escolas é cada vez mais afectada pelas estratégias de distinção das famílias. O ranking, no fundo, simula um mercado escolar que verdadeiramente não existe. E se existe como um quase-mercado, ele não é fruto de uma lógica espontânea, não se faz naturalmente por obra das “leis imanentes” do capitalismo (como pretendem os partidários da lógica do mercado aplicada ao campo escolar), mas de uma construção política. E essa construção tem no ranking das escolas uma poderosa ferramenta.» António Guerreiro in A escola e a norma do mercado - Público 9fev2018.
  • Os apoiantes de Trump estão entre os utilizadores das redes sociais mais prolíficos na divulgação de notícias falsas e de teorias da conspiração, revelam dados do Computational Propaganda Research Project da insuspeitíssima Universidade de Oxford, que estuda campanhas de desinformação a nível mundial desde 2014.
  • Um construtor do Mississippi que colabora com a Trump Organization para abrir o primeiro de vários hotéis de uma nova cadeia de preços médios do presidente dos EUA solicitou ao estado 30% de isenção fiscal aos impostos devidos ao estado, o que poderá representar cerca de 6 milhões. Fox Business.

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