terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Bico calado

Foto: Supawadee Sukpang
  • «Dusan Sidjanski, antigo professor de Durão Barroso, revelou em carta: “Cortei todos os laços com ele.” E Sidjanski, um dos mais prestigiados docentes da Universidade de Genebra, explica, assim, a razão de tão radical decisão: “Ele usou as instituições da UE para participar nos piores bancos globais.” A acusação de Dusan Sidjanski, que além de professor foi amigo de Durão Barroso, foi conhecida na mesma semana em que a imprensa suíça tornou público o fim da ligação de Barroso à universidade onde estudou e agora dava aulas como professor convidado. Para Sidjanski a ligação do Dr. Barroso ao Goldman Sachs é uma “mancha para a Europa”. Por isso, sublinha, “não posso acreditar que neste momento ele destrua a sua reputação a este ponto. Isso mostra que ele é fraco.” (…) A notícia de que a Universidade de Genebra não renovou o contrato do Dr. Barroso e prescinde dos serviços do “prof” foi tornada pública na última semana pelos jornais suíços, mas entre nós passou quase total e convenientemente despercebida. (…) a Universidade de Genebra considera que o banco de investimento norte-americano, que agora dá emprego a Barroso, é um dos grandes responsáveis pela crise financeira de 2008. Uma crise que, recordo, provocou a falência de estados e empresas e dizimou milhares de famílias em todo o mundo.(…)» Soares Novais, in Barroso acusado de traição - A viagem dos argonautas.
  • «Imagino que poucos tenham percebido a totalidade do significado de uma frase enigmática de António Costa. Foi em junho passado que ele afirmou ter “conhecimento de como certos operadores, designadamente a EDP, têm várias manhas para conseguir contornar muitas vezes, com a indevida cobertura das entidades reguladoras, aquilo que é garantido”. Quais as manhas? Não o disse na altura, mas agora já está mais claro. António Costa atirava a pedra ao telhado das entidades reguladoras, acusando-as de beneplácito e “cobertura” de comportamentos indevidos. Contudo, atirar a pedra para telhado alheio não tem bom resultado quando o nosso é de vidro. Foi exatamente o que se viu com a alteração de voto que o PS fez numa das propostas do Orçamento do Estado. As manhas que António Costa quis esquecer são as proximidades entre o poder político e os grandes grupos económicos, as pressões que estes exercem sobre quem decide e como conseguem colocar governos na defensiva. A julgar pelo que aconteceu, António Costa sabia bem do que falava. A proposta do Bloco de Esquerda era simples: criar uma “contribuição solidária para a extinção da dívida tarifária do Sistema Elétrico Nacional”, que taxaria o abuso que é praticado nos preços da energia renovável em Portugal quando em comparação com a média internacional. É em linha com o que já está a ser aplicado em Espanha e que conseguiu reduzir o peso da fatura da eletricidade no país de nuestros hermanos. Aqui permitiria ir buscar 250 milhões de euros ao esbulho que as elétricas praticam ao país. No entanto, mexer nos monopólios é como mexer num ninho de vespas e logo as pressões se iniciam. E é isso que tem dado longa vida às rendas abusivas no nosso país. Os diversos governos têm sempre preferido sacrificar as pessoas e os seus direitos a tocar nos lucros dos grandes grupos económicos e nos seus privilégios garantidos. Há outras manhas das energéticas, além da sua proximidade ao poder político. Veja-se as notícias recentes da fuga de investimentos no nosso país. Pura propaganda, como se percebe. Em Espanha, o rendimento nas mesmas situações é menor do que em Portugal e não é por isso que deixa de haver investimento. A EDP que o diga, que mesmo assim ainda tem bastante lucro da produção energética do outro lado da fronteira. A não ser, é claro, que o investimento apenas fosse para aproveitar uma renda abusiva e garantida e, com isso, explorar ainda mais o nosso país. Se era deste tipo, faz tanta falta como uma viola num enterro. Um outro argumento que não faz sentido é o da litigância que a medida iria criar. Por um lado, os espanhóis conseguiram fazer o que estamos a propor e venceram a litigância. Por outro lado, não devemos esperar que as empresas com interesses tão significativos deixem de lutar por eles. O que não podemos é assustar-nos com isso e deixar de lutar pelo interesse público. Isso é a cedência permanente a qualquer chantagem de privados. António Costa esteve mal, portanto. O PS tornou a ser o PS do qual as pessoas desconfiam e deixou a sua veia das clientelas económicas sair vitoriosa. Perderam as pessoas, que continuarão a ser roubadas em cada fatura da eletricidade. (…)» Pedro Filipe Soares, in As manhas da EDP - DN 30nov2017.
  • «Em 4 de dezembro de 1980 faleceram, em Camarate, na queda da aeronave em que seguiam, o primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa, ministro da Defesa, e mais cinco acompanhantes. Volvidos 37 anos, a comunicação social, quase exclusivamente nas mãos desta direita, não dá relevo ao facto, se é que algum órgão o referiu, quando nesse trágico acidente se finaram duas figuras de primeiro plano, que ocupavam altas funções no Estado. Talvez seja a decadência ética e cívica dos atuais partidos da direita que os faça ignorar a herança dos fundadores que, pelo menos, se bateram pela liberdade de expressão e que deviam o prestígio ao facto de terem afrontado a ditadura. Talvez a vergonha de terem de comparar Passos Coelho a Sá Carneiro e a Dr.ª Assunção Cristas a Adelino Amaro da Costa (já não digo ao fundador Freitas do Amaral, cuja foto foi retirada da sede), iniba o PSD e o CDS de lhes evocar a memória. Depois de ter ocupado os mais altos cargos do Estado com Cavaco e Passos Coelho, é o pudor que leva o PSD à amnésia do seu passado. Já o CDS, tão dado a missas, nem uma novena de ação de graças ter mandado rezar, é a prova de que a exuberante líder ainda anda de cabeça perdida por ter sido eleita vereadora da Câmara de Lisboa. Bem se pode dizer que o PSD e o CDS têm melhores defuntos do que os mortos-vivos que os lideram.» Carlos Esperança, FB. https://www.facebook.com/carlos.esperanca.1/posts/10215086108127773
  • Israel é o primeiro país do mundo a usar veículos terrestres não tripulados para patrulhar as suas fronteiras e substituir soldados em missões. O novo modelo de Border Patroller pode ser armado com armas controladas remotamente. Estes robôs podem receber rotas pré-definidas para sua patrulha, tornando-os mais ou menos autónomos. AM.

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