domingo, 17 de dezembro de 2017

Bico calado

Imagem captada aqui.
  • «Acho que há palavras que não devem ser retiradas do contexto em que foram ditas. E essa expressão [ano saboroso] foi utilizada num contexto próprio, perante funcionários de Portugal que trabalham nas instituições europeias e sobre as relações de Portugal com a União Europeia.” [a expressão] seria desajustada em Pedrógão Grande, como teria sido desajustado falar da tragédia dos incêndios de 17 de Junho na capital belga. Cada palavra deve ser dita em circunstância própria e tirar a palavra da circunstância própria para fazer combate político não creio que seja uma forma saudável de estarmos na vida democráticaAntónio Costa, citado pelo Público.
  • «(…) No essencial, tem sido sublinhado que o Estado fraco é isso mesmo, o que não faz o que lhe compete e deixa ao mercado o cuidado de quem precisa. Sim, quando as fronteiras se tornam nebulosas entre a obrigação pública, particularmente na saúde, e a esfera do negócio, desvanecem-se as garantias para os utentes dos serviços. Veja os casos dos cuidados continuados, ou do tratamento de toxicodependentes, em que o défice do Estado permitiu um submundo de clínicas sucateiras, a par de raros serviços de qualidade. Mas as excepções existem e esse é o ponto: há cooperativas de profissionais ou outras formas de associação, na saúde ou na educação, que respondem a graves carências sociais. Esses são os que sentirão o colapso da direção da Rarissimas com mais amargura, porque vai poluir quem se ocupa dos outros. (…) Note esta lista de deputados e ex-governantes, já para nem lembrar a realeza espanhola, que querem ficar na selfie de uma instituição badalada, e perguntemo-nos porque é que tantos ilustres queriam ser vices e directores e consultores desta instituição. A resposta é triste: a exibição da caridade tem sido uma segunda pele para muita ambição e carreira.(…) ». Francisco Louçã, in O que começa mal, acaba pior? - Público 15dez2017.
  • «(…) Significa isso que os portugueses não são honrados? Não, significa que são pobres, ou ainda que têm uma memória viva da pobreza, não sentem a coisa pública como sendo de todos, e sabem que, para empregar um filho, obter um papel na câmara, evitar pagar o IVA, passar à frente de uma fila, há um sistema de favores implantado que vive da complacência de quem se aproveita e da inveja de quem ficou de fora. E isto é de uma ponta à outra da sociedade. Desde os offshores “legais” ao planeamento fiscal, às compras para as cantinas, das empresas que fazem brindes para as campanhas eleitorais, até aos amigos e as empresas que arranjam sempre ser contratados sem concurso público, até ao autarca que “rouba mas faz” e a quem os mesmos que exorcizam a corrupção em cada palavra que dizem, afinal, votam. Isto é corrupção, mas não só. É o retrato de uma sociedade disfuncional, muito desigual, onde quem tem acesso ao poder de gerir, ou de comprar, ou de vender, o faz quase sempre numa rede de amizades e cumplicidades, com proveito mútuo, e tão habitual que não merece condenação social. Até um dia, em que a complacência se substitui pela inveja. Nesse dia entra em cena aquilo a que chamei “a sopa envenenada”. Antes era a mesa de café onde quem estava à mesa era de uma honestidade férrea (até ao momento em que saia da mesa) e à volta, a começar pela mesa vizinha, era tudo ladrões, corruptos e desonestos. Agora a mesa de café é planetária e é nas sarjetas das redes sociais (…)» José Pacheco Pereira, in A sopa envenenadaPúblico 16dez2017.
  • Um palestiniano, já sem duas pernas e numa cadeira de rodas, foi um dos abatidos a tiro pelas forças de segurança israelitas que abriram fogo contra manifestantes na Cisjordânia e ao longo da fronteira com Gaza, informou o Ministério da Saúde de Gaza.

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