quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Reflexão - «Sexta-feira Negra, ou como o nosso consumo voraz está a destruir o planeta»

Imagem captada aqui.

Sexta-feira Negra, ou como o nosso consumo voraz está a destruir o planeta
por George Monbiot, in  The Guardian 22nov2017

Notas:

  • A promessa de luxo privado para todos é uma miragem: não há espaço físico e ecológico que o permita. Por isso os habitats e as espécies colapsam, os mares de plástico multiplicam-se, o solo degrada-se, o clima soçobra.
  • Os padrões de consumo têm mudado com as sucessivas gerações. Há 30 anos era ridículo comprar água engarrafada. Hoje, consumimos a nível mundial um milhão de garrafas de plástico por minuto.
  • Este festival de destruição repete-se todas as sextas-feiras e todos os Natais. Empanturramos a nossa cozinha com tanta coisa e depois admiramo-nos porque não há lugar para mais nada, e tudo à custa do planeta e da nossa sobrevivência.
  • Mesmo o chamado consumismo verde não representa diferenças significativas na pegada ecológica de quem o segue ou não. O nosso comportamento dentro deste sistema não transforma os resultados desse sistema, por isso o sistema terá de ser mudado.
  • Um crescimento médio global de 3% representa um crescimento duplo da economia mundial de 24 em 24 anos. Não admira que as crises ambientais estejam a acelerar a esse ritmo. E há quem defenda a perpetuação desse tipo de crescimento, quando o planeta não cresce. 
  • Os que defendem o crescimento perpétuo dizem que ele se justifica para combater a pobreza. Porém, sabe-se que os 60% mais pobres do mundo recebem apenas 5% do rendimento acrescido proveniente do aumento do PIB. Consequentemente, são precisos 111 dólares para reduzir a pobreza em 1 dólar, o que significaria que seriam precisos 200 anos para garantir um salário diário de 5 dólares para toda a gente. Nessa altura, o rendimento médio per capita atingiria 1 milhão de dólares por ano, e a economia seria 175 vezes maior do que é hoje. Esta não é uma fórmula para o alívio da pobreza. É uma fórmula para a destruição de tudo e de todos.
  • Os que consideram normal e necessário o aumento constante do consumo são loucos: destruir as maravilhas do mundo, destruir a prosperidade de gerações vindouras para apenas manter uma série de números que nada têm a ver com o bem-estar geral.
  • Consumismo verde e crescimento sustentável não passam de ilusões destinadas a justificar um modelo económico que nos está a conduzir para a catástrofe. O sistema atual, assente no luxo privado e na miséria pública, vai conduzir-nos à miséria geral. Precisamos de um sistema diferente, enraizado não em abstrações económicas, mas em realidades físicas que estabeleçam os parâmetros pelos quais julgamos a sua saúde. Precisamos construir um mundo onde o crescimento seja desnecessário, um mundo de suficiência privada e luxo público. 

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