Cartoon: JN 9set2017.
- «O país anda confrontado com greves, as que se fazem ou já se fizeram, mais aquelas que estão anunciadas, e parece que há, para a comunicação social dominada pela direita, umas que são “boas” ou neutras e outras que são “más”. Passo a explicar. No caso da Auto Europa a greve era muito “má”. Era o PCP, através da CGTP, que andaria a manipular os trabalhadores para ter ganhos de causa na discussão do orçamento (o espírito conspirador dos comentadores da direita chega a ser ridículo). E era uma greve “má” porque os alemães ainda fazem as malas e vão-se embora, as exportações caem, o PIB desmaia, o Estado fica sem dinheiro e lá vem a troika outra vez. (…) E quando as greves são das “más”, os comentadores de serviço começam sempre por dizer que “a greve é um direito legítimo dos trabalhadores e está inscrito na constituição”, mas acrescentam logo que não pode ser usado de qualquer maneira, bla, bla, bla. Quer dizer, existe o direito à greve mas não se deve usar o direito à greve, porque é mau para o país e para os próprios trabalhadores exercerem esse direito. (…) a direita aceita o direito à greve, em termos do texto constitucional, desde que tal direito não seja exercido nunca, na prática. (…) Uma greve “boa” é a greve dos enfermeiros que está anunciada. Curiosamente, neste caso, como a greve nada tem a ver com a CGTP, antes pelo contrário, ela já é “boa” ou neutra. E a comunicação social não diz que os enfermeiros estão a ser manipulados pela bastonária, Ana Rita Cavaco, dilecta prosélita de Passos Coelho e pertencente à Comissão Nacional do PSD, o que é estranho. E mesmo se estiverem a ser manipulados pela bastonária, com o objectivo de causar dificuldades ao governo na gestão do déficit e da dívida pública, e de criar ao mesmo tempo um clima de intranquilidade social no sector da saúde que ensombre os bons resultados que estão a acontecer na frente económica, tudo isso não é suficiente para que seja considerada uma greve “má”. (…)» A estátua de sal in As greves “más” e as greves “boas”.
- Quem dá nomes aos furacões? pergunta Bruno Nogueira no Mata-bicho de 8set2017 – RTP.
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