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quinta-feira, 27 de julho de 2017

Avareza 24

Imagem colhida aqui.

«Mas os seguidores de Bosco recusam. Sentem o cheiro a esturro, percebem que no caso há qualquer coisa que não bate certo. Não desembolsam nem mais um euro. Então Silvera denuncia-os, convence os juízes de que a partilha da herança é válida, que a sua negociação foi decisiva. Em tribunal a sua versão é considerada fundamentada e, assim, em 2012, os salesianos sofrem uma penhora cautelar de 130 milhões de euros. Uma penhora que revela - sem incluir a herança recebida — as enormes disponibilidades dos padres: além de edifícios de prestígio (entre os quais a sede da direção-geral romana na Via della Pisana), descobre-se que têm também um fundo, chamado Polaris Investment SA, no Luxemburgo. Na teoria e na prática, sinónimo de paraíso. Fiscal, entenda-se. Procurando por entre os documentos na Conservatória do Grão-Ducado, é possível encontrar o estatuto da Polaris e, deste modo, perceber quais são os sócios fundadores da sociedade, que entregaram a 6 de fevereiro de 2004 quotas de participação de milhões de euros: a direção-geral de Obras de Dom Bosco, que detém a maioria das ações, o Instituto Religioso de Dom Orione e a província de Génova dos Frades Menores Capuchinhos. A ideia de criar uma sociedade de gestão de fundos é de Giovanni Mazzali, administrador dos salesianos, com estudos no estrangeiro e responsável financeiro de uma organização já presente em 130 países do mundo. Por quê constituir um "fundo ético" precisamente no Luxemburgo? Provavelmente pelas indubitáveis vantagens fiscais, e para atrair capitais privados: é um facto que em 2007 os salesianos conseguem convencer a Cariplo a investir na Polaris Investment Italia SGR, uma sociedade de gestão controlada pela casa-mãe luxemburguesa, 5000 milhões de euros, uma injeção de liquidez que implicará também o ingresso da Cariplo entre os sócios da SA luxemburguesa. Hoje a sociedade do Grão-Ducado mudou de nome, sendo rebatizada Quaestio Investments, mas ainda está ativa, tendo os padres saído da sociedade controlada italiana.» 


Emiliano Fittipaldi, Avareza – Saída de Emergência 2016

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