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«Um documento inédito do Tribunal de Contas de abril de 2014, ou seja, o convite ao prelado a apresentar provas, relata detalhadamente a burla organizada pelo grupinho de padres da cúria de Salerno, desde sempre proprietários de um conjunto de edifícios, chamado Colonia San Giuseppe. Em 2001 decidem que chegou o momento de restaurar edifícios ruinosos e velhas estruturas desabitadas e participam num concurso regional. Um acordo-quadro com o qual o Estado italiano financiava com dinheiros públicos obras “para a promoção da oferta social nas áreas degradadas, a melhoria da qualidade urbana ou a recuperação e requalificação do património histórico cultural».
O monsenhor Pierro escreve na demanda que o beneficiário dos trabalhos seria "toda a coletividade" e pede 2,3 milhões de euros. A Região acredita no projeto dos padres e fornece o dinheiro. Mas, num frio e chuvoso 5 de novembro de 2008, quando os técnicos vão controlar o estado da obra da Aldeia da Criança para os meninos pobres, nem acreditam no que veem: "a diocese", escrevem num relatório técnico, "em vez da prevista estrutura ao serviço da coletividade, realizou uma estrutura hoteleira” (…).
Assim, com o dinheiro surgiu o Angellara Home, um hotel semelhante a Il Cantico dos franciscanos de Roma, dotado de todos os bens de Deus: quartos elegantes com minibar, televisão led com canais de satélite, Internet, sala de congressos para quatrocentas e cinquenta pessoas e uma pequena praia privada para os hóspedes. O grupinho de condenados conseguira registar de maneira fictícia o hotel, como "colégio-internato-hospício-orfanato" e não como hotel.
Não obstante o escândalo, o ex-arcebispo permaneceu no cargo até à reforma. Hoje vive na província de Salerno, não longe de Pontecagnano Faiano, onde em 2010 alguém ergueu uma estátua de quatro metros de altura figurando o próprio Pierro no jardim do eminário metropolitano do país. "Ao monsenhor Gerardo Pierro, arcebispo primaz metropolitano de Salerno, ao cumprir-se o seu 75º aniversário com viva gratidão, a arquidiocese erigiu"».
Emiliano Fittipaldi, Avareza – Saída de Emergência 2016
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