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«Até agora ninguém tinha conhecimento das proporções do business, mas no passado muitos - mesmo autorizados representantes católicos — tinham criticado o excesso de santificações e torcido o nariz face à inflação de abençoados imposta por João Paulo II, que durante os 27 anos do seu pontificado proclamou 1338 beatos e 482 santos, quase um quarto de todos os canonizados nos cinco séculos precedentes. Certamente, a proliferação interrompida com o advento de Bento XVI, que impôs ritmos mais tradicionais pedindo, através de uma nota escrita aos bispos, maior rigor na abertura da fase diocesana do processo — deveu-se a uma precisa opção teológica de Karol desejoso de mostrar à comunidade dos católicos que qualquer pessoa, com as obras e o martírio, pode aspirar a tornar-se santo. Mas é um facto que o boom (atualmente as causas em stock são cerca de três mil) implicou um vertiginoso aumento dos preços. A abertura do inquérito desejado pelo Papa Francisco tinha dois objetivos principais: avaliar a real entidade do business e verificar eventuais movimentos financeiros não apropriados. De facto, os postuladores, muito mais do que os gabinetes do Vaticano da Congregação, são os verdadeiros caixeiros de cada causa, umas vezes monsenhores, outras vezes advogados laicos (diplomados na escola do Vaticano criada para o efeito, o "studium") que — depois de terem recebido a procuração por parte de pessoas, congregações ou ordens religiosas — recolhem o dinheiro que os atores depositam numa conta corrente, aberta para esse efeito no IOR. São sempre os postuladores que gerem, ao longo dos anos de duração da causa, todos os fundos e bens destinados ao futuro beato, e que saldam as contas com os serviços do Vaticano e os consultores externos.»
Emiliano Fittipaldi, Avareza – Saída de Emergência 2016
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