terça-feira, 6 de junho de 2017

Bico calado

  • Os nossos telemóveis fazem-nos sentir ativistas das redes sociais, mas eles estão de facto a transformar-nos em espectadores. Keshia Naurana Badalge in Quartz.
  • Destruir o Estado Islâmico é um erro estratégico, defende o prof. Efraim InbarAugust, diretor do Begin-Sadat Center for Strategic Studies, prof. Emérito de estudos políticos da Bar-Ilan University e colaborador do Middle East Forum. «(…) O Ocidente deve provocar o enfraquececimento do o Estado Islâmico, não a sua destruição. Um EI fraco, mas a funcionar, pode minar o apelo do califado no seio dos muçulmanos radicais; deve manter os maus atores focados entre si, em vez de focados em alvos ocidentais; e deve manter o controlo do Irã sobre a hegemonia regional. (…) Se o EI perder o controlo sobre o seu território, as energias que o protegiam e governavam serão dirigidas para mais ataques terroristas fora das suas fronteiras. O colapso do EI produziá uma diáspora de terroristas que radicalizará os imigrantes muçulmanos no Ocidente. A maioria das agências de combate ao terrorismo compreende este perigo. Prolongar a vida do EI garante a morte de mais extremistas muçulmanos às mãos de outros bandidos no Médio Oriente, e é provável que poupe vários atentados terroristas no Ocidente. (...) A existência permanente de ES serve a um propósito estratégico. Porquê ajudar o regime brutal de Assad ganhar a guerra civil? Muitos islamitas radicais nas forças da oposição, isto é, Al Nusra e as suas ramificações, podem encontrar outras arenas onde atuar mais perto de Paris e Berlim. Será do interesse do Ocidente fortalecer o controlo da Rússia sobre a Síria e reforçar a sua influência no Oriente Médio? Será o reforço do controle do Irão sobre o Iraque congruente com os objetivos americanos naquele país? Só a loucura estratégica que atualmente prevalece em Washington pode considerar positivo o aumento do poder do eixo Moscovo-Teerã-Damasco através da cooperação com a Rússia contra a IS. (...) O Ocidente anseia pela estabilidade, e deposita uma esperança ingénua de que a derrota militar do EI será fundamental para alcançar esse objetivo. Mas a estabilidade não é um valor em si mesmo. É desejável apenas se servir os nossos interesses. A derrota do EI promoveria a hegemonia do Irã na região, o papel da fortaleza russa, e prolongaria a tirania de Assad. Teerã, Moscovo e Damasco não partilham os nossos valores democráticos e têm pouca inclinação para ajudar a América e o Ocidente. (…)»
  • «(…) Então por que razão este país que tão depressa incensa gente da bola como se fossem exemplos de excelência nacional e vértice da magnificência humana, esquece tal figura? É que os atributos do Artur Jorge estão nos antípodas do perfil que a imprensa e a opinião publicada “desportivas” sacralizam. Quer dizer: as qualidades de um dos maiores jogadores e treinadores da história do desporto português são exactamente o que o desqualifica para ser ídolo nacional-futebolista. (…) – Artur Jorge concluiu mesmo a licenciatura em Germânicas. – Encerrada a carreira de jogador, foi fazer um curso superior de desporto e especialização em futebol. Num país de Leste – socialista! -, valham-nos os céus! – Iniciou a sua carreira acumulando bons resultados e sucessos, o que o levou aos grandes. Acumulou títulos no FCPorto. Campeonatos nacionais, taças, super-taças e o mais que viesse. Finalmente, foi campeão europeu e mundial com o seu clube; o primeiro português – ouviram mourinhólatras? – Entretanto, contrariando as expectativas e hábitos do nacional-futebolismo, gastava o seu dinheiro em colecções de arte e – heresia! – publicava poesia. – Durante a sua vida, desde os anos 60 em Coimbra, nunca se furtou a ter uma posição de cidadania activa e democrática, o que, geralmente, era olhado com desconfiança no mundo da bola. – Pecado final: sendo perguntado sobre os comentários aos jogos então transmitidos pela televisão, declarou que, para não ouvir disparates, desligava o som e punha música clássica ou jazz. Estava, assim, feita a heresia final e alimentado o ódio da comunicação social.(…)» José Gabriel, FB, via A estátua de sal.

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