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quarta-feira, 21 de junho de 2017

Avareza 01

Imagem captada aqui.

«Franssu também é administrador delegado da sociedade Incipit e gestor da Tages capital Group do financeiro italiano Panfilo Tarantelli. Por sua vez, o filho de Franssu, Luis-Victor, foi admitido desde março de 2014, precisamente pela Promontory dos Estados Unidos, que conhece agora todos os segredos do Vaticano e do IOR. Para muita gente, o enorme poder adquirido pelos americanos no Vaticano é um paradoxo. Porque, enquanto o Papa Francisco espanca de forma implacável os poderes obscuros da finança mundial nos discursos e nas encíclicas (como a Laudato si), no Vaticano a sociedade de consultadoria americana dita as leis há dois anos. Considerada muito próxima do governo de Washington, cidade onde tem sede, a Promontory não só é a única que teve realmente acesso a todas as contas e a todos os clientes, como tem ou teve relações profissionais com todos os novos dirigentes do IOR: como Rolando Marranci, atual diretor-geral com um passado no BNL e durante um breve período consultor da Promontory no Vaticano. Von Freyberg nomeou igualmente como assessores principais Elisabeth McCaul e Raffaele Cosimo, respetivamente associada do gabinete de Nova Iorque e chefe do gabinete europeu da sociedade sob a cúpula de São Pedro. 
Mas nem todos estão felizes com a presença dos americanos. Não só porque os cardeais temem que dados sensíveis sobre as contas e os clientes acabem nas mãos de gente estrangeira, mas também porque a Promontory, paladina da transparência paga pelos bancos de todo o mundo para descobrir as operações opacas encerradas nos seus ventres, em agosto de 2015 foi abalada por um gigantesco escândalo. Que mina o mito de sujeito privado, mas capaz de fornecer juízos independentes. De facto, o Departamento para os serviços financeiros de Nova Iorque suspendeu a 5 de agosto de 2015 as atividades da empresa no Estado homónimo, por ter sido acusada de ter "dado cobertura" a atividades ilícitas efetuadas por um cliente seu com o objetivo de o proteger de eventuais sanções económicas. Precisamente isso: ao ler o relatório do New York State Department of Financial Services, descobre-se que quando era consultor do banco inglês, Standard Chartered, o grupo que devia mostrar a transparência no Vaticano teria eliminado voluntariamente de alguns relatórios a notícia de certas transações financeiras que a filial nova-iorquina Standard Chartered tinha efetuado para o Irão. Operações ilegais, dado que nesse período Teerão estava sob embargo internacional.»

Emiliano Fittipaldi, Avareza – Saída de Emergência 2016

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