terça-feira, 30 de maio de 2017

Reflexão – Os truques do glifosato ou de como a saúde das pessoas é uma grande treta.

Imagem captada aqui.

A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar rejeitou um estudo que relaciona o glifosato com o cancro na sequência da intervenção de Jess Rowlands, um técnico do ministério do Ambiente norte-americano alegadamente ligado à Monsanto e visado em mais de 20 processos. The Guardian.

É cínica e cruel a hipocrisia dos decisores europeus e não só. O Roundup, cuja substância ativa é o glifosato, potencialmente cancerígeno, há muito que está disponível nas prateleiras das duas principais cadeias de supermercados portuguesas. Isto significa que qualquer pessoa o pode comprar, sem ter de se sujeitar a fazer um curso, pago, de aplicador de produtos fitossanitários que lhe atribui um cartão passado pelo ministério da Agricultura para ele, durante 10 anos, poder adquirir o Roundup e outros produtos fitossanitários. Com um truque: o glifosato do supermercado pode ser comprado pelo consumidor anónimo, sujeito à taxa de IVA de 23%. O glifosato adquirido em cooperativas agrícolas, drogarias e quejandas, só pode ser vendido mediante a apresentação do referido cartão, sendo o preço sujeito à taxa de IVA de 6%. Não percebeu? Eu troco por miúdos: o glifosato é veneno. Por isso, exige formação teórica, técnico-prática, cartão e controlo na sua venda, sujeito a IVA de 6%. Subindo o IVA para 23%, o glifosato deixa de ser veneno, podendo ser disponibilizado em qualquer prateleira de um supermercado, - ao lado de compotas e sumos -, e, consequentemente, a ser aplicado por qualquer cidadão. Sem informação, sem formação, sem problema. Para os decisores conluiados com os gigantes químicos, a saúde das pessoas é uma grande treta.  

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