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«O que está em causa em Almaraz é o mesmo que acontece com os 75 reatores nos EUA ou os 34 reatores em França que foram autorizados a prolongar a sua vida industrial por mais 20 anos (de 40 para 60 anos). O negócio é duplo. Adiam os gigantescos custos de encerramento. Amealham lucros inesperados (e indevidos). O problema é que os benefícios privados são conseguidos à custa do aumento exponencial dos riscos públicos. A central de Fukushima foi construída numa zona costeira conhecida pela sua vulnerabilidade a tsunamis, por isso os reatores foram protegidos por um paredão de 5,7 m de altura. Infelizmente, a vaga de 11 de março de 2011 tinha 14 m e provocou talvez o mais brutal acidente histórico do género. A justificação dos donos da central foi esta: uma onda de 14 m tinha a probabilidade de ocorrer apenas uma vez em mil anos, e aumentar mais a segurança iria assustar o público! É com gente deste calibre moral que estamos a lidar, também em Almaraz. Temos o dever de, ao menos, não fazermos figura de tolos.»
Viriato Soromenho Marques in Almaraz: Ainda pior do que parece – DN 24mai2017.
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