segunda-feira, 17 de abril de 2017

Bico calado

S.Miguel, Açores. Foto de Luís Filipe Matos 15abr2017.

«1. Em 2001, Pedro Guerra publicou uma notícia com matéria factual sobre um problema de Luís Filipe Vieira com a justiça. Uma semana depois, almoçou com Vieira e 'rendeu-se' ("fiquei rendido àquele homem"). Alguns anos depois, tornou-se seu assalariado. 2. A relação de Pedro Guerra com alguns elementos do aparelho judicial, nomeadamente procuradores do Ministério Público, era tão próxima que "chegavam a emprestar-lhe os originais dos processos para ele fotocopiar. Se os papéis se perdessem, acabava-se o processo". 3. Por vezes, o jornalista Pedro Guerra só confrontava as pessoas visadas nas suas notícias "a horas tardias, o que não lhes dava margem para responder. E ele lá escrevia 'Contactado pel'O Independente, não reagiu'". Esta acusação em concreto é confirmada por Pedro Guerra: "A partir de determinada altura, percebemos que, se confrontássemos os visados com muita antecedência, queimávamos a história". 4. Enquanto assessor de imprensa, Guerra esforçar-se-ia por condicionar as notícias publicadas sobre o ministério que integrava: avisava previamente os jornalistas que lhes faria chegar informação; esta era enviada em cima do fecho das redações, para que houvesse pouco tempo para ser trabalhada; supostamente, a informação vinha já redigida "em forma de notícia já escrita e adaptada ao jornal a que cada um pertencia" (Guerra nega esta acusação). 5. Por vezes, Guerra não convocaria para conferências de imprensa jornalistas que considerava mais incómodos. 6. Por engano, chegaram a jornalistas sms's de Guerra dirigidos a outras pessoas a solicitar que interviessem no fórum da TSF "a dizer bem de Paulo Portas"Os truques da imprensa portuguesa, a propósito de um texto do Observador.

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