quinta-feira, 2 de março de 2017

Bico calado

Imagem captada aqui.
  • «Dia 27 de Fevereiro de 2015, Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública. Nessa audição, (…) o deputado do PCP Paulo Sá pergunta a Núncio pela “estimativa do fluxo anual de fundos que são desviados de Portugal para esses paraísos fiscais”. Se o Governo garante ter reforçado o controlo das transferências, na base desse reforço já terá feito uma estimativa, argumenta o deputado. E de seguida reafirma o sentido da pergunta: “Senhor secretário de Estado, concretize. Reforçou, muito bem. Então, em termos práticos: anualmente — ano a ano, desde que este Governo tomou posse — qual foi o fluxo anual para paraísos fiscais? Qual é o montante global de fundos portugueses em paraísos fiscais?”. A audição estava na última ronda e quando chega o momento de responder, Paulo Núncio desafia: “O senhor deputado esteve distraído: eu, na minha intervenção inicial, disse que entre 2007 e 2013 estudos internacionais, nomeadamente o FMI, demonstram que as transferências [sic] ou o capital detido por contribuintes portugueses em offshores se reduziu em 83%, senhor deputado”. O governante continua a responder, sem concretizar valores, e num aparte o deputado do PCP insiste: “Então qual é o fluxo?”. Núncio continua: “Houve um reforço muito significativo dos rendimentos declarados oriundos de contas abertas no exterior por parte de contribuintes portugueses na respectiva declaração de IRS. Houve um crescimento de 110% e que o rendimento declarado nos quatro anos ascendia a 550 milhões de euros [2010 a 2013]”.» Pedro Crisóstomo in Nem aos deputados Paulo Núncio deu números dos offshores - Público 1mar2017.
  • «Paulo Núncio dificilmente terá direito a salvar-se nesta história com a mera acusação de que foi apenas incompetente, negligente ou politicamente inepto. Ninguém acredita nestas possibilidades e, se alguém acreditava, o ex-director-geral do fisco Azevedo Pereira tratou de acabar com a ilusão. O que torna o seu caso feio e grave é precisamente a mais que provável intencionalidade com que meteu as declarações sobre as transferências na gaveta. (…) Na política, parecer é muitas vezes tão importante como ser e a cristalização da ideia de que o mesmo Estado que expulsou famílias das suas casas por dívidas ao fisco tapou deliberadamente os olhos a transferências de milhares de milhões de euros para paraísos fiscais é arrasadora.» Manuel Carvalho in As faces ocultas do caso do dr. Núncio – Público 1mar2017.
  • número de lobistas corporativos é 60% superior ao número de ONGs e sindicatos no Parlamento Europeu, denuncia a TruePublica.

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