terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Bico calado

(Imagem captada aqui.
  • «A cidade está mais suja (lixo espalhado nas ruas e acumulado junto aos contentores), há dezenas de sem-abrigo a pernoitarem nas ruas. Simultaneamente, muitos moradores abandonam as suas casas, corridos por senhorios que pretendem transformar as suas casas em alojamentos turísticos ou porque não aguentam a agitação provocada por vizinhos turistas em constante rotação. Ao nível dos transportes, a confusão completa, com autocarros turísticos em fila, tuque-tuques a estorvarem-se, segways (veículos de duas rodas, onde o condutor vai de pé) a circularem nos passeios... E querem, agora, lojas das grandes cadeias internacionais de luxo na Avenida dos Aliados... Creio, assim, ser útil que, nas autárquicas de 2017 se debata o que pretendemos para o Porto em matéria de salvaguarda e sustentabilidade do turismo, mas também de combate aos seus malefícios, preservando as gentes e a identidade do Porto e prevenindo o "pós-turismo".» Rui Sá in Há vida para além do turismoJN 2jan2017.
  • «Em 2012, de uma penada e com uma única lei, foram oferecidas às entidades empregadoras milhares de horas de trabalho e, só com as alterações à legislação laboral, foram transferidos 2,3 mil milhões de euros de riqueza dos trabalhadores para os patrões. Como? Pelo aumento das horas de trabalho não pagas (foram cortados 4 feriados, entretanto repostos, e foram eliminados 3 dias de férias, sem que os trabalhadores tivessem qualquer compensação por isso, nomeadamente em termos de remuneração). E foi reduzido o preço pago pelo trabalho (diminuindo-se para metade o valor das horas extra, as majorações pagas para trabalhar aos feriados ou as compensações pela caducidade dos contratos). De todas estas medidas de desvalorização do trabalho, houve uma que foi revertida: os quatro feriados eliminados. Mas todas as outras se mantêm. É possível falar em verdadeira recuperação de rendimentos sem devolver a quem trabalha o dinheiro pago pelo trabalho e o tempo para si que lhe foi suprimido? (…) Para o aumento do salário mínimo, cujo valor se mantém abaixo do que seria se tivesse sido sempre atualizado, o Governo quer dar contrapartidas aos patrões na ordem dos 60 milhões de euros, pagos pelos contribuintes. Mas os trabalhadores têm de aceitar os três dias de descanso que lhes retiraram sem qualquer contrapartida? Em nome de que justiça e de que valores?» José Soeiro, in Expresso Diário, 30/12/2016 via Estátua de sal.

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