Já houve várias cimeiras ambientais. Em todas, os principais líderes mundiais posaram para a fotografia fazendo juras de compromisso e empenhamento na redução das emissões de gases de efeito de estufa. Porém, na hora da verdade, rasgam compromissos, calcam direitos e impõem o poder do dinheiro e do lucro. A estória que se segue é exemplar. É-nos contada por Clayton Aldern, na Grist de 24 de fevereiro.
A Índia decidiu dotar um dos seus aeroportos com painéis solares suficientes para lhe fornecer energia. Os EUA queixaram-se à Organização Mundial do Comércio alegando que a Índia tinha violado regras internacionais do comércio ao discriminar produtos estrangeiros em benefício de produtos locais. Subserviente, a OMC intimou a Índia a fazer as devidas alterações.
O problema é que a Índia tinha produzido as células solares para os seus painéis, deixando de as importar dos EUA, o que representava uma redução de 90% na exportação desse produto para a Índia desde 2011. O objetivo dos EUA é, pois, aumentar as exportações de painéis solares para a Índia.
Trata-se, de facto, de um ataque hipócrita ao princípio da cooperação climática tantas vezes apregoado na cimeira de Paris. Como toda a gente sabe que os EUA subsidiam as renováveis em perto de metade dos seus estados, será muito difícil compreender a atitude que o mesmo país tem para com outro em matéria de apoios às renováveis. Não poderia a Índia, invocando este facto, também processar os EUA junto da Organização Mundial do Comércio?
Refira-se que em 2010ª Índia lançou um programa de energia solar muito ambicioso. Neste momento, a Índia tem o primeiro aeroporto a nível mundial equipado com energia solar: mais de 46 mil painéis poupam 300 mil toneladas de emissões de carbono. E, se tudo correr bem, em março de 2017 a Índia começará a produzir energia a partir da maior central solar do mundo, com 750 MW.
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