Jeroen Dijsselbloem, o ministro das Finanças da Holanda é muito rigoroso e aguerrido nas exigências e nas pressões sobre os orçamentos de Portugal, Espanha e Grécia e tudo tem feito para impor restrições e cortes nos serviços públicos destes países para, diz ele, poderem saldar as suas dívidas públicas.
O problema é que estamos fartos de hipocrisia e de hipócritas como este senhor. Este senhor não tem feito senão atrair para o seu país dinheiros de empresas de outros países com a intenção de lhes otimizar os impostos. Baseando as suas empresas na Holanda, elas canalizam os seus lucros para lá, onde são sujeitos a menos impostos e a benefícios fiscais, enquanto privam os países onde operam de impostos que assim não são aplicados na saúde, na educação, nos transportes, nas estradas, nas águas, nos esgotos, etc. desses países. Isto acontece porque a Holanda é um paraíso fiscal, muito embora, pelo truque de uma lei de 2013, em nenhum lado se diga que o é. Não é por mero acaso que 80 das 100 maiores multinacionais se hospedaram no paraíso fiscal holandês.
Pois é este senhor Jeroen Dijsselbloem que aperta os calos a quem vive com dificuldades e facilita a vida a quem tem fortunas. É este senhor que acusa Portugal, Espanha e a Grécia de terem defices públicos excessivos, défices que não existiriam se as grandes empresas pagassem todos os seus impostos e não os tivessem canalizado para o seu paraíso fiscal.
Pior: Jeroen Dijsselbloem não anda sozinho. Jean-Claude Juncker, o atual presidente da Comissão Europeia, fez o mesmo enquanto ministro das Finanças do Luxemburgo, outro paraíso fiscal que aloja os lucros de muitas grandes empresas.
Caso para citar Vicenç Navarro, catedrático de Ciencias Políticas y Políticas Públicas da Universidad Pompeu Fabra e ex-catedrático de Economía da Universidad de Barcelona:
«O cinismo e a indecência, para não dizer falta de ética, de tais personagens, atingem níveis sem precedentes. E esta é a Europa a que temos de pertencer.»
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