Imagem captada aqui.
A Zero é uma nova associação ambientalista. É liderada por Francisco Ferreira e tem sede na Rua Alexandre Herculano, no Porto. Dizem que não se reviam na conduta da atual direção da Quercus e sublinham: "Temos um objetivo fundamental que é acabar com as desigualdades no país e queremos mobilizar a sociedade e as pessoas para a participação e influenciar os decisores nesse sentido».
O aparecimento desta Zero não me espantou. Há muito que as mensagens e as intervenções do seu líder em programas avençados na rádio e na televisão não deixavam margem para dúvidas – inócuas, vazias, roçando o greenwashing, por vezes sugerindo mensagens subliminares de patrocínio a um ou outro produto.
Infelizmente, parece estarmos perante mais um caso de alguém que soube aproveitar muito bem a velha estrutura da Quercus e a visibilidade mediática conseguida através da participação em programas de rádio e televisão para agora lançar esta ONG. Será mais uma que, em vez de reforçar o movimento ambientalista em Portugal, vem erodir a sua já reduzida força, para gáudio dos donos disto tudo.
«Temos um objetivo fundamental que é acabar com as desigualdades no país», diz Francisco Ferreira. Questionamo-nos por que motivo não terá, para tal, aderido a Os Verdes, ao PCP ou ao BE. Provavelmente porque aí nunca seria maestro. O que ele gosta é mesmo de ser maestro ou, pelo menos, de ser o solista da orquestra. Ele é dos que abominam ensaios, dos que prescindem do ensaio geral, dos que só aparecem à hora do concerto. Que o digam, por exemplo, todos aqueles que, sob a asa da Quercus, têm levado a cabo um formidável e exemplar trabalho de recuperação ambiental do Cabeço Santo, em Belazaima, Águeda. O solista nunca lá pôs os pés, nunca pegou numa enxada, nunca pegou num podão ou numa tesoura de poda para lá trabalhar, mas babou-se a elogiar as virtudes e potencialidades do projeto num programa de televisão.
O Ambiente dispensa gente desta. Dispensa gente que se põe em bicos de pés para se fazer representada em cimeiras de cuja participação e intervenção pouco ou nada se vem a saber. O Ambiente dispensa gente desta que parece merecer a simpatia de autarquias por ocasião de processos de revisão de Planos Diretores Municipais. O Ambiente dispensa gente com voz mansa e bem colocada que venha entreter-nos e embalar-nos com generalidades em tons cor-de-rosa. O Ambiente precisa de gente que arregace as mangas, calce as luvas e avance para tarefas de defesa, conservação e recuperação de tanto habitat, de tanto ecossistema ameaçado neste Portugal, país tão pequeno mas tão carente.
1 comentário:
http://gulbenkian.pt/os-direitos-humanos-e-os-desafios-do-seculo-xxi/declaracao-de-lisboa/
A Zero é uma das subscritoras da Declaração de Lisboa -
A Educação para os Direitos Humanos e para a Dignidade nos Desafios do Século XXI.
O problema é que assim a Zero funciona, em relação à Gulbenkian e à Partex (empresa a quem foi concedida licança de exploração de petróleo no Alentejo e no Algarve) como uma espécia de agente branqueador.
O comentário do Ambiente Ondas3, publicado em 25 de janeiro, nunca essteve tão atualizado.
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