sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Bico calado

  • «A 25 de abril de 1974, Marcelo tinha 25 anos, já acabara o curso em 1971 mas não fez aquilo a que a maioria dos portugueses foi obrigado, ir para as colónias. Há uma contradição aqui? Talvez, até porque a decisão não foi por opção política - muitos jovens seus contemporâneos que decidiram não fazer a guerra contra a qual estavam, foram obrigados a desertar e abandonar o país - e pode configurar uma situação de favor, pois o seu pai, Baltazar Rebelo de Sousa, foi o último ministro do Ultramar.(…) O próprio primeiro-ministro, Pinto Balsemão, o começo da guerra colonial passou-o em Lisboa, como oficial às ordens do secretário de Estado da Aeronáutica, Kaúlza de Arriaga. Pelos visto, o governo seguinte, o VIII, ainda de Balsemão, a tradição manteve-se e o ministro dos Assuntos Parlamentares, Marcelo Rebelo de Sousa, também teve a sua vida militar facilitada.(…) A questão principal, agora, é saber se o candidato Marcelo Rebelo de Sousa é, para aquela função a que se propõe, um defensor dos privilégios de que já beneficiou. » Ferreira Fernandes in Marcelo não ter feito tropa interessa?- DNotícias 11jan2016.
  • «Marcelo Rebelo de Sousa tem confiado, excessivamente, em si próprio. Não fosse ele um excessivo gesticulante e um ilusionista no tratamento das palavras, enfim: um atabalhoado nas ideias. Aliás, destas, pouco se lhe conhece, a não ser as do habitual receituário. Converge-se-lhe a simpatia inapagável e essa espécie de campeão da convivência que o faz querido dos que gostam do género, em especial as senhoras de meia-idade. Toda essa estudada empatia foi estilhaçada nos debates com Sampaio da Nóvoa, que o reduziu a um desajeitado defensor de coisa alguma; e com Maria de Belém, que disse do oponente coisas terríveis. A delicadeza da senhora, o sorriso cortês e levemente zombeteiro, transformaram o que parecia um diálogo gentil numa penosa cena de enxovalho. Maria de Belém não perdeu uma para reduzir Marcelo a subnitrato, colocando-o como triste defensor de nada a defender. A dimensão política e cultural do professor ficou a nu: o homem, afinal, não vale tanto quanto se pensa e se diz. Afirmar-se que ele é o anti-Cavaco, só por paródia. Ele é um produto do ‘sistema’, e não há borracha que apague as cartas denunciatórias a Salazar, e as esquivas a questões bem graves da democracia. Sampaio da Nóvoa, cuja compleição intelectual, cívica e humana supera, de longe, o que por aí há, desmontou a fragilidade do antagonista, com a paciente perseverança de um mestre, ante um traquinas incipiente. Nada de pessoal. Simplesmente a grandeza de quem sabe não ter necessidade de fazer disso soberba. A diferença entre o prof. Sampaio da Nóvoa e o dr. Cavaco, por exemplo, é galáctica. E a que decorre entre ele e o Marcelo, abissal.» Baptista Bastos in Queda de um mitoCM 13jan2016.
  • Marcelo e seus acólitos, por Ribeiro Cardoso in Clube de Jornalistas 8jan2016.

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