Mário Lúcio Sousa, ministro da cultura de Cabo Verde.
- «(…)Torna-se-nos cada vez mais insuportável comportar, resignados e sem cólera, esta corja, apoiada pela Alemanha, sem pudor nem clemência. A alta finança e banqueiros dissolutos têm encontrado, neste sistema decadente, o pábulo para as suas indignidades. Resguardados numa impunidade que lhes proporciona o “sistema”, e lhes vai mantendo uma vida de fausto, eles passeiam-se no infortúnio de quem não sabe defender-se. Escrevo com mágoa e desalento, mas penso que o mundo está a modificar-se, movido pela repulsa e pela revolta. Nessa esperança e nesse sentido que, afinal têm encaminhado a minha vida, aqui vai, meus Dilectos, a convicção de que, em breve, as coisas serão melhores e mais belas. Bom ano! A corja não vencerá pela natureza imperiosa das razões humanas.» Baptista Bastos in A corja – CM 30dez2015. Via A Estátua de Sal.
- «(…)Inventar analgésicos para a dor de dentes é uma coisa óptima. Não termos nenhum analgésico contra a intolerância cultural é terrível. Fazermos com que a esperança de vida aumente, mas que haja milhares de pessoas a morrer ao atravessar o mar mediterrânico, fazer com que haja armas super-sofisticadas, mas que essas mesmas armas estejam a matar centenas de milhares de pessoas todos os dias, fazer com que nunca se tenha tido tanta abundância alimentar no planeta, mas que haja tanta gente a passar fome no mundo, não faz nenhum sentido. Esse desequilíbrio tem a ver com um desenraizamento da condição humana. Quando olhamos para a relação que os índios do Peru, da Bolívia, do México tinham com a natureza antes da chegada dos espanhóis, vemos que tudo isso foi interrompido. Onde havia uns templos das deidades, dos incas, dos maias e dos aztecas, foram construídos templos católicos. A história dos incas, dos maias e dos aztecas não é propriamente um modelo daquilo que hoje designamos por direitos humanos. É evidente que todas as civilizações no seu auge também tiveram a sua parte sanguinária. Todas. Mas nunca antes tínhamos visto 40 mil pessoas morrer em dez segundos. Isso aconteceu com o lançamento das bombas atómicas. Ao mesmo tempo que utilizamos todo o nosso conhecimento para o progresso, vemos paralelamente o uso de todo esse conhecimento para a destruição e para a decadência. (…) Hoje há uma corrida para a abundância, para a acumulação. Essa corrida exige uma velocidade tal que despreza todos os outros valores. O homem que quer acumular biliões de dólares na venda do petróleo vai fazer tudo para não respeitar os acordos sobre a redução do carbono, por exemplo. (…)» Mário Lúcio Sousa, ministro da cultura de Cabo Verde, entrevistado por Carlos Vaz Marques. Público.
- Um sistema de finanças privado salva biliões aos mais ricos, in NYTimes.
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