quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Bico calado


  • Aquilino Ribeiro: «Vocês ainda terão o Botas, mesmo depois de morto: vai estar empalhado!» citado por Baptista Bastos JNegócios 30mar2007.
  • «No mesmo dia em que ficamos a saber que 17 empresas cotadas no PSI20 aumentaram os seus lucros em 1,1 mil milhões de euros, é tornado público que seis delas (Altri, Corticeira Amorim, Jerónimo Martins, Portucel, Semapa e Sonae) vão distribuir antecipadamente dividendos de 565 milhões de euros aos seus acionistas, não vá vir por aí alguma tributação dos dividendos. O interesse nacional, pois claro.» José Manuel Pureza, FB 30nov2015.
  • «Há muito que a Zona Franca da Madeira (ZFM) é um pilar para estes esquemas. Quem a defende diz que gera emprego e atividade económica. Os factos mostram o contrário. Veja-se o caso da Eloaliança, denunciado pelo "Expresso" esta semana. É a segunda empresa que mais lucra em Portugal, e também uma das que recebe maiores benefícios fiscais. Paga 5% de imposto, declara mais de 100 trabalhadores, mas só tem instalações para meia dúzia, além de apresentar uma conta anual de luz de 482euro, quase o mesmo que uma família. Há poucas grandes empresas em Portugal que não façam uso da ZFM para esquemas de "planeamento fiscal". A Jerónimo Martins fê-lo, a partir de uma sociedade chamada Hermes, envolvida num complexo esquema com empresas na Holanda e nas Channel Islands. O processo por "planeamento fiscal agressivo" passou anos em tribunal, com sucessivas impugnações por parte do Grupo. De resto, já nada parece surpreender e até se acha normal que a Sonae, a Amorim, ou a Jerónimo Martins antecipem o pagamento de dividendos relativos a 2016 com medo de um possível aumento da taxa sobre este tipo de rendimentos. A fuga ao Fisco, o "planeamento" ou "engenharia" fiscal não são exceções, são a regra na gestão diária das grandes empresas, e todos os anos significam milhares de milhões de euros de receita perdida para o Estado. São estas empresas, estes empresários, banqueiros e advogados que não hesitam um segundo em exigir mais austeridade enquanto clamam por novas descidas no IRC, cavando assim uma desigualdade - entre trabalho e capital - que ninguém parece querer encarar.» Mariana Mortágua in Quando o imoral se torna banal, JN 1dez2015.

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