Don't give in: an angry population is hard to govern; a depressed population is easy (Não desistem: um povo zangado é difícil de governor; um povo deprimido é fácil), por Laurie Penny, no New Stateman de 9mai2015.
Pontos a reter:
- As elites políticas uniram-se na capitulação às políticas do medo. Os Trabalhistas vergaram perante a mensagem de austeridade de que temos o que merecemos. Sabemos o que isso significa: mais cortes nos serviços públicos, mais desigualde.
- Muita gente sente-se deprimida, e com razão. A depressão é uma doença física e emocional com uma componente sóciopolítica. A depressão diz-nos que somos preguiçosos e inúteis. Diz-nos que as coisas ruins que podem acontecer a nós e à nossa família são tudo culpa nossa, e se nos apetecer morrer, é bom que o façamos para se reduzir o excesso de população.
- Os Conservadores não largam a política do desespero, e eu acho que nós deixámo-los fazer isso. A culpa não é nossa. A depressão é ainda uma fonte de vergonha. Quando tudo parece terrível e fora do controlo, é paradoxalmente mais fácil culpar-nos a nós mesmos e aos nossos vizinhos do que dirigirmos a raiva para fora. Quando as coisas pioram rapidamente, quando a sociedade está cada vez mais cruel e mais cara, quando o nosso trabalho é precário, a nossa habitação é precária, e a precariedade em si mesma se tornou uma ansiosa realidade diária, é reconfortante pensar que nós e a nossa comunidade poderiam ter mudado isto tudo fazendo escolhas diferentes. Por exemplo, de que a culpa é nossa por sermos preguiçosos e doentes. Podemos não nos sentir bem, mas sentimo-nos seguros, mais seguros do que lidarmos com a ideia de que tantas decisões sobre a nossa vida estão a ser tomadas sem o nosso contributo, por pessoas cujos interesses nada têm a ver com os nossos.
- O psiquiatra M Scott Peck admite que a depressão não passa de raiva inócua, voltada para si mesma. Isso é tão verdadeiro ao nível social como ao nível político. Uma população com raiva é difícil de governar. Uma população deprimida é fácil. A depressão não é desadequada para o momento. Mas a partir do momento em que cedemos para com ela, eles ganham. Eles ganham quando as pessoas começam a dizer coisas como «é a avida».
- O contrário da depressão não é a felicidade. Nem sequer a esperança. O contrário da depressão é a ação. É arrastar os nossos ossos cansados para o chuveiro e fazer o que precisa de ser feito para que possamos lidar com o dia-a-dia. É contatar amigos, mesmo que não tenhamos nenhuma ideia do que lhes vamos dizer. O contrário da depressão é a ação. A ação é a única coisa que nos leva a um mundo melhor, e grandes ações começam com muitas pequenas ações. Não temos de derrubar o governo hoje. Podemos levar alguns dias a beber chá frio e a ouvir os albuns tristes de Billy Bragg. A depressão ganha quando a ideia de ficarmos melhor parece tão forte que até parece impossível. A recuperação começa com um pequeno passo de cada vez. Para já, o importante é cuidar de nós mesmos e uns aos outros, e sermos tão amáveis quanto possível. Porque há uma grande luta pela frente, e a bondade é agora mais importante do que nunca.
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