quarta-feira, 6 de maio de 2015

Reflexão - Alterações climáticas: grandes mitos que precisam de ser desmontados

Alterações climáticas: grandes mitos que precisam de ser desmontados, por Hannah Devlin, no Observer de 3mai2015. (Tradução/sumário de OLima)

A ameaça ao nosso planeta e as vidas de biliões de pessoas - para não falar em grandes negócios – provocaram alegações peregrinas de ambos os lados da barricada. Eis alguns factos:

1 A Terra está agora mais quente do que nunca. Há 50 milhões de anos, a Terra era, em média, 10 graus mais quente do que hoje. Mas ao contrário da tendência atual, no passado os períodos quentes prolongavam-se por milhares, senão milhões, de anos.  Ao procurar registos climáticos antigos para estabelecer comparações com a situação atual, os cientistas apontam para alguns casos em que a temperatura da Terra mudou rapidamente por causa de picos de CO2 ligados à atividade vulcânica. Esses eventos de aquecimento rápido estão muitas vezes ligados à descoberta de fósseis em extinções em massa. Os cientistas explicam o aquecimento observado neste século apenas atribuindo o grande aumento das emissões de CO2 às actividades humanas, e não aos vulcões.
2 Alterações na atividade do Sol provocam aquecimento. Os cientistas pensam que não. A atividade do Sol segue um ciclo de 11 anos enquanto as temperaturas têm subido constantemente no último século. Num ciclo solar completo, a produção total de energia regista mudanças de cerca de 0,1%, o que poderá significar uma subida de 0,5 graus na temperatura da Terra, diz Jo Haigh, físico do Imperial College London. 
3 Ficaremos muito pior se as temperaturas continuarem a subir. Um estudo realizado pela Public Health England em 2014, confirmou que o aumento das taxas de mortalida no verão seria mais do que compensado pela queda no número de mortes no inverno. Um estudo publicado no ano passado pela Universidade de East Anglia previu que a produção global de trigo e soja aumentaria durante os próximos 70 anos num cenário em que as emissões de dióxido de carbono subissem rapidamente. Sendo o CO2 essencial para o processo da fotossíntese, teoiriacamente os níveis mais elevados de CO2 poderão aumentar a eficiência pela qual as plantas convertem a luz solar em energia.
4 O clima extremo é provocado pelas alterações climáticas. É muito difícil relacionar uma coisa com outra. Ao aquecer, o ar pode conter mais vapor de água e este pode provocar mais chuvas em algumas partes do globo. Já há uma pista que mostra que a precipitação extrema aumentou no Reino Unido, apesar de precipitação média ainda não ter mudado  significativamente.
5 O gelo do Antártico está a diminuir. No úmtimo inverno do hemisfério sul, o gelo do Antártico aumentou como nunca se vira. Os cientistas dizem que este dado é menos paradoxal do que parece. Primeiro, não há medidas rigorosas da espessura do gelo do Antártico, admite Andy Shepherd, da University of Leeds. Segundo, embora a zona de gelo do pólo sul tenha crescido, isto foi uma mudança muito mais pequena do que a redução verificada no pólo norte. Finalmente, os cientistas acreditam que outros fatores, como o buraco na camada de ozono, que está ligada a um efeito de resfriamento no hemisfério sul, pode ter ofuscado o impacto do aquecimento global sobre o continente. Se o aquecimento continuar, o atual crescimento da zona de gelo da Antártida poderá inverter-se.
6 O gelo do ártico parece estar a recuperar. Há que considerar dois aspetos – a extensão e o volume. A extensão do gelo, embora seja um indicador útil das temperaturas globais, é também muito influenciada por correntes eólicas e marítimas, que alteram a densidade do gelo. Por isso, as melhores projeções dos cientistas sugerem que qualquer recuperação no gelo do Ártico é provavelmente temporária, mas que não haverá gelo no Pólo Norte durante pelo menos os próximos 20-30 anos.
7 Não há consenso científico sobre o aquecimento. Os cientistas podem discutir sobre muitos pormenores, mas o facto de que o mundo está a aquecer devido à atividade humana é ponto assente. Os cinco relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas provou-o à saciedade. Porém, a força do consenso parece não ter sido transmitida ao público. Umasondagem levada a cabo em 2014 pela Energy and Climate Intelligence Unit concluiu que apenaas 1 em 9 britânicos pensava que quase todos os cientistas acreditavam que a subida das temperaturas era provocadas principalmente pela queima de combustíveis fósseis.
8 Os homens arriscam a sua extinção se as alterações climáticas se extremarem. Embora a avaliação dos impactos climáticos realizada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas sugerisse a agudização de problemas na saúde, na economia e na alimentação perante um mundo mais quente, não há provas de extinção. Mesmo perante alterações apocalíticas que tornariam partes do mundo inabitáveis, muito de nós sobreviveriam como o fizeram em catástrofes anteriores.

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