quinta-feira, 16 de abril de 2015

Bico calado

  • «As ligações entre os cargos políticos e a banca são um dos problemas de Portugal apontados pela ONG Transparency Internacional no seu mais recente estudo Lobbying in Europe. Desde o 25 de Abril, mais de metade – 54% – de todos os membros do Governo trabalharam no sector financeiro. E dos últimos 19 ministros das Finanças, quase três quartos – 14 – fizeram carreira neste sector ou em instituições financeiras. Este último dado tem o seu quê de curioso: 14 em 19 são 73,68%. E 73,68% está numa vizinhança muito próxima dos 73,4% de intenções de voto nos três partidos que já integraram Governos da última sondagem da Aximage. Temos, portanto, as organizações internacionais a alertarem os portugueses para a captura dos seus três partidos preferidos por interesses económicos opacos e os portugueses a responderem às organizações internacionais que isto é mesmo assim. E que ai de nós se não fosse.» O País do Burro.
  • «Não estou a ver uma dessas equipas que vai às estradas, também eles trabalhando em péssimas condições, a pedir de imediato um helicóptero porque se trata do sr. ministro, ou a reconhecer no focinho coberto de sangue um secretário de estado. Vai daí, em caso de azar, e ninguém está livre dele, trigo limpo farinha amparo, ireis para estas urgências como os outros. E arriscais-vos mesmo a ficar numa maca entalada entre outras num corredor, a serdes assistidos por um enfermeiro para 30 doentes, a ter o único médico capaz de vos tratar ocupado com outros doentes. De nada valerá, depois, um secretário de estado gritar que os médicos e enfermeiros eram comunistas. De nada valerá para vocês, e muito menos para a vossa família.» Fonte.
  • « (...) Usar os estágios para substituir o emprego, mascarar o desemprego, desincentivar a contratação e baixar o nível salarial é transformar o mundo do trabalho numa grande máquina de usar precários, pessoas.» Mariana Mortágua in A máquina de usar pessoas, in JN 14abr2015.
  • Portugal ficou abaixo da média europeia, com uma pontuação de 23% face às melhores práticas internacionais, no Estudo da Transparência Internacional sobre os lóbis e a forma como os interesses privados interagem com os decisores públicos. O estudo da TIAC à realidade portuguesa demonstrou uma situação de promiscuidade entre decisores políticos e interesses privados com destaque para o setor financeiro.
  • « (...) Uma das notas mais eloquentes da anemia cívica portuguesa prende-se com uma certa incapacidade para tomar a crítica como elemento imprescindível da vida colectiva e seiva vivificante da democracia. Não é apenas a crítica um direito elementar, barómetro de cidadania, mas uma condição fundamental para materializar o desenvolvimento. Numa sociedade como a portuguesa, tolhida por autoritarismos de longa duração histórica, com as suas fogueiras de intolerância e de silêncios, a mentalidade colectiva facilmente se tornou refém de medos e de indiferenças, uns e outras geradores de súbditos que ainda pensam que o direito a elevar a voz é recurso eivado de perigosidades.(...)» Fernando Paulouro Neves in Recusar a morte antecipada.
  • Carrilho, o moralista, por Bruno Nogueira in TSF/Tubo de Ensaio 15abr2015.

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