domingo, 8 de março de 2015

Bico calado

  • « (...) A conformidade é a chave que tudo abre e o critério primeiro para definir a elite consensual que se moldou pela fórmula do 'Nem-Nem'. Modestos e realistas, estes filisteus de uma nova espécie abarcam todo o espectro político e não se manifestam apenas às quintas-feiras. Há-os todos os dias, em proliferação: tantos e tão incapazes de despertarem qualquer gesto político que ultrapasse os limites da rotina, faça emergir uma ideia e antecipe um qualquer — pequeníssimo que seja — mundo possível. Esta elite consensual que segrega uma doxa a que poderíamos chamar o tecno-populismo (dando assim a ver um paradoxo: são os habituais denunciadores do populismo que representam o populismo mais saliente do nosso tempo) compreende também uma parte considerável dos profissionais do comentário político, jornalistas e analistas das várias especialidades da tripla aliança política, económica e mediática. Empossados como fabricantes de opinião para consumo da população genérica, quanto mais 'Nem-Nem' são, mais hipóteses têm de ser aclamados como objectivos e responsáveis. (...) Esta elite consensual, resultante de um agregado onde se instalou a maquinaria infernal de produção do 'homem médio' ou homo mediocris, reivindica-se como uma maioria moral, na medida em que exerce uma hegemonia da opinião. E a opinião, no sentido de doxa, de senso comum, é sempre vontade de maioria e de conformidade. Daí, a regra mais importante da elite consensual: nunca oferecer qualquer resistência ao presente.» António Guerreiro in A elite consensual, Público 6mar2015.
  • O Entroncamento de Montenegro, in Estátua de Sal.
  • «A condição dos membros das várias ‘juventudes’ dos partidos (que vão até aos 30 anos) acaba por ser uma condição de relativa irresponsabilidade, sobretudo para aqueles que exercem cargos no ‘aparelho’. Os deveres para com a sociedade e o Estado são obscurecidos pelas pequenas lutas domésticas pelo poder e pela grande questão de saber se a seita consegue ou não ocupar o governo e o Estado – fonte de favores, recompensas, influência e dinheiro. Este mundo fechado sobre si próprio não se importa muito com o mundo exterior e não exige um comportamento cívico exemplar. Pelo contrário, tolera uma imensa quantidade de ‘erros’, por assim dizer, em nome do interesse superior da facção. Do incidente fiscal de Pedro Passos Coelho só uma coisa se deve concluir: as ‘juventudes partidárias’ precisam de ser abolidas, como primeiro acto para a regeneração do regime. Os jovens que se inscrevam onde quiserem na idade de votar e que sejam tratados como o militante comum. Que os partidos não sirvam mais de educadores da ‘classe política’ e aviário de ministros. Basta o que basta.» Vasco Pulido Valente in Aviário de ministros, Público 7mar2015.
  • Cenas do Carnaval de Dusseldorf: (1), (2), (3), (4), (5), (6)

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