Imagem retirada daqui.
«(...) Portugal não rejeita que a Grécia tenha um tratamento diferente no que diz respeito ao pagamento da dívida; Portugal leva a mal que a Grécia tenha um tratamento diferente quanto à avaliação da sensualidade dos seus ministros das Finanças.
Nós gostamos muito de reconhecirnento internacional. Anotamos com alegria a opinião de qualquer borra-botas nascido do Iado de Iá da fronteira que elogie um português. Às vezes, nem precisa de elogiar. Aceitamos uma mera referância ao nome, ainda que mal pronunciado. E por isso é difícil compreender este protagonismo do ministro das Finanças de um país tão pelintra como o nosso, quando a sensualidade de Vitor Gaspar passou despercebida na Europa.
Vitor Gaspar, à sua maneira, também era sensual. Tinha a tez esverdeada, o que Ihe conferia algum exotismo, duas bolsas proeminentes sob os olhos (é sabido que as mulheres adoram bolsas), e uma voz suave. Os dirigentes alemães pareciam acreditar que ele era sensual, uma vez que lhe davam as mesmas ordens que as dançarinas exóticas costumam receber: ‘Ti-ra!, ti-ra!, ti-ra!’
E Vitor Gaspar tirou mesmo. Tirou empregos, tirou salários, tirou reformas. E recebeu uma recompensa, não sob a forma tradicional de nota dobrada ao meio entalada na Iiga, mas sob a forma de um cargo de director de departamento no FMI. Por que razão não foi então referido internacianalmente o sex-appeal de Vitor Gaspar? Quem nos impediu de ler notícias acerca do facto de o corpo pouco tonificado de Vitor Gaspar ser cobiçado internacionalmente, noticias essas que apareceriam lado a Iado com outros títulos do género, tais como ‘Praia portuguesa considerada uma das 250 melhores do mundo por revista da qual nunca ouvimos falar mas que em todo o caso é estrangeira’? O desemprego e a pobreza ainda toleramos, mas privarem-nos do gozo de ver gente estrangeira a Iouvar-nos é simplesmente desumano. (...) »
Ricardo Araújo Pereira in Da sensualidade das Finanças in Visão 26fev2015.
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