sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Reflexão - O discurso de Evo Morales na cimeira climática de Lima


Discurso de Evo Morales na cimeira climática de Lima (excertos)

"Não devemos roubar o que é dos outros. Há países que estão a seguir o modelo capitalista, ganancioso, predador e concentrador de riqueza numa só mão, o que gera a pobreza e degradação. Não devemos seguir estes padrões de consumo. Não nos roubem o espaço atmosférico (...) Estes países do Norte têm-nos roubado desde os tempos coloniais. Estão a roubar-nos o futuro, para que de baixo possamos desenvolver-nos de forma sustentável Se os tentarmos parar, apontam-nos com o dedo acusador. Estão cometendo o ecocídio da Mãe Terra. (...)
Não podemos continuar a negociar sobre as alterações climáticas e, em seguida, eles mentem uns aos outros, quando de facto eles não querem fazer nada. Não se cumpre o que se diz. Os acordos que não se cumprem não são éticos. São mentirosos os acordos que só pensam no negócio e não promovem a vida. (...)
Os países desenvolvidos não querem desenvolver acordos de mitigação, adaptação e entrega de tecnologia. Todos buscam acordos individuais e específicos para o seu próprio benefício. Se os países desenvolvidos tivessem cumprido os seus contratos anteriores, não estaríamos nesta situação. São os países que não querem fazer nada para apoiar os países em vias de desenvolvimento. Eles querem que os outros façam o que eles já deveriam ter feito antes.
A humanidade no seu conjunto carrega o peso do fracasso após 30 anos de negociações e acordos que não progrediram. (...) Nós carregamos o sentimento do engano e de atitudes enganadoras na hora de decidir o futuro da humanidade. Eles jogaram com as nossas esperanças e trataram-nos como peões num tabuleiro. (...)
Sentimo-nos traídos por acordos que nunca se concretizaram. Os nossos povos sofrem o aumento da temperatura, a fusão dos glaciares, as secas, as inundações cruéis que nos tornam mais pobres. (...) Nada mudou nesses 30 anos, exceto os sinais dos cientistas que são devorados pelo capitalismo (...)
Precisamos de uma outra sociedade planetária, onde o dinheiro não seja a medida da riqueza. Ou mudamos a sociedade capitalista mundial ou ela liquida a natureza e a própria vida. O ambiente é um direito comum de todos os povos, antigos e modernos. É para a comunidade que deve ser administrada, a própria Natureza é comunitária, pois beneficia ou prejudica todos. A comunidade é a única maneira de restaurar a harmonia da natureza. É a salvação do ambiente, da vida e da Terra".

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