“A era do vazio atingiu o seu máximo esplendor. A vacuidade e a frivolidade campeiam. Os jornais perderam a tradicional capacidade de fazer reflectir, e a modinha da "distanciação" afugentou leitores e transformou jornalistas em gravadores ambulantes. Os jornais perdem acentuadamente leitores, e as revistas cor-de-rosa aumentam as tiragens. Os grandes problemas nacionais não nos são explicados, e tudo é feito superficialmente. Um exemplo: a abertura do ano judicial. As televisões limitaram-se a transmitir, numa onda de preguiça que tem feito lei, os discursos monótonos e chatos dos que falam sempre, entre os quais o dilacerante texto do dr. Cavaco. Parece que estamos num mundo de irrealidades absolutas, no qual os verdadeiros assuntos nacionais (como o da Justiça) são tratados a polé. (...) Há quem aceite esta paz podre e pobre. Pensar é perigoso e, habitualmente, interpela e põe em risco os poderosos e a sua ideologia. A frivolidade e o riso mais alvar tomaram conta das televisões, e alguns dos programas, quase todos, deste jaez e estilo, são verdadeiros atentados à inteligência comum. Não pelo riso que condena e critica; sim pela galhofa que encobre e se torna cúmplice. A sociedade portuguesa precisa de um sacolejão valente que a desperta desta trágica letargia. Estamos todos anestesiados? Não o creio.” Baptista Bastos, in Que é feito da inteligência portuguesa? JNegócios 31 Janeiro 2014.
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