A propósito da última invasão do mar no Furadouro, na madrugada de 2 de fevereiro, o Ambiente Ondas3 inicia a publicação de excertos de A praia dos Tubarões, ordenamento e gestão da orla costeira, livro publicado por Álvaro Reis em 2006. Espera-se que a sua (re)leitura contribua para um melhor esclarecimento do que realmente está em causa na orla costeira vareira.
"Estas fortes investidas do mar aconteceram numa época em que o país estava de rastos (precisamente desde 1834, devido aos golpes e contra-golpes que se foram sucedendo num clima de grande instabilidade social), a maioria da população era pobre e inculta, a economia encontrava-se estagnada e o governo liberal sem novas ideias não demonstrava sinais de mudança vivendo comodamente à sombra das nacionalizações do “mata-frades”. Por esta época proliferava já a especulação imobiliária e a imoralidade dos políticos nas grandes negociatas. Contudo, o litoral não despertava ainda os interesses que viria a despoletar em tempos mais recentes.(...) Em 1882, em pleno Fontismo, dá-se início na costa noroeste portuguesa a uma grande obra de engenharia - a construção do Porto de Leixões. Esta obra, considerada vital para o desenvolvimento da economia do país e que acarretou a construção de dois molhes, entre 1884 e 1892, serviu também para desencadear um processo que nunca mais haveria de parar. Este processo traduzir-se-ia na erosão galopante das dunas e das praias arenosas a sul do rio Douro."
A Praia dos Tubarões, por Álvaro Reis, 2006, p59
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