terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Reflexão – eliminação de verdade inconveniente acerca dos transgénicos

O Journal of Food and Chemical Toxicology apagou o estudo de Séralini e outros investigadores da universidade francesa de Caen provando que ratos alimentados a milho transgénico da Monsanto NK603, tratado com o herbicida Roundup, tinham tendência para desenvolverem muitos mais casos de cancro do que os alegados pela indústria e agências reguladoras. Tudo leva a crer que a medida não passou de um enorme frete à gigante dos transgénicos, sugere William Engdahl em longo artigo publicado na The Ecologist de 5 de dezembro de 2013

Pontos a reter:
1 O estudo de Séralini foi publicado em novembro de 2012, após longa investigação de dois anos e que envolveu testes em 200 ratos, custos de 3 milhões de euros e peer reviews durante 4 meses, tudo sob o mais rigoroso secredo para evitar pressões por parte da indústria.
2 A publicação do estudo foi uma autêntica bomba para a indústria dos transgénicos. As fotografias dos ratos inchados com enormes tumores causaram enorme impressão. Séralini levou a cabo testes durante 2 anos, muito mais tempo do que os 90 dias referidos pelos testes da Monsanto, e isso foi determinante porque os primeiros tumores apareceram entre os 4 e os 7 meses da investigação. O estudo da Monsanto referia alguma toxicidade mas descartava-a como não biologicamente significativa. A investigação de Séralini descobriu que, enquanto as fémeas registaram mais casos de tumores mamários, seguidos de tumores na pituitária, os machos tinham mais tendência para tumores no fígado e nos rins.
3 A EFSA, como entidade reguladora da alimentação sediada em Bruxelas, foi alvo de críticas, uma vez que não só fizera fé nos estudos da Monsanto como recomendara, em 2009, a aprovação do milho NK603 tolerante ao Roundup sem os ter confrontado com estudos independentes. A própria Comissão Europeia também ficou debaixo de fogo por ter dado cobertura aos resultados e aos argumentos apresentados pela produtora de transgénicos.
4 A EFSA reagiu, descartando os alertas do estudo de Séralini por alegados erros na metodologia levada a cabo, nomeadamente no tipo e no número de ratos utilizados, e negando a necessidade da elaboração de mais estudos independentes. Observadores houve que viram nesta atitude uma tentaviva de encobrimento da Monsanto uma vez que alguns técnicos da EFSA tinham ligações à Monsanto.
5 A Elsevier, proprietária da revista onde Séralina publicara os resultados do seu estudo, cria um novo posto de editor associado para a biotecnologia e nomeia Richard E. Goodman, ex funcionário da Monsanto, para o cargo, e, 6 meses depois, o estudo de Séralini é eliminado da revista. Nenhuma das alegações cita qualquer uma das violações previstas nas regras da retirada de um artigo naquela revista: dados insustentáveis, erros grosseiros, plágio, redundância, investigação não ética.
6 Elsevier, que publica o Journal of Food and Chemical Toxicology, é uma das maiores editoras científicas mundiais e esta atitude não é nova. Já em 2009 criara uma revista médica, a   Australasian Journal of Bone and Joint Medicine, para publicar artigos promovendo produtos da farmacêutica Merck, com textos fornecidos por aquela marca.

2 comentários:

http://genpeace.blogspot.com disse...

Não há verdade no artigo em relação à gênese de tumores e o consumo de ração com milho GM ou com glifosato. O artigo era ruim desde seu planejamento e jamais deveria ter sido publicado.
Para uma análise completa veja http://genpeace.blogspot.com/2013/11/sepultando-um-zumbi-o-artigo-cientifico.html e links internos.

OLima disse...

É uma opinião... bastante vazia. Foi preciso demorar tanto e criar um novo posto e nomear novo editor antigo funcionário da Monsanto para eliminar o texto científico do Séralini. É como ter de mudar de árbitro para influenciar um resoltado no futebol, não é?