sábado, 20 de julho de 2013

Contos proibidos (52)

“O segundo passo importante do lançamento da campanha foi o convite a uma empresa de relações públicas para definir as grandes orientações da campanha. (...) Lee Atwater e Paul Manafort, dois dos proprietários da empresa de Relações Públicas Black, Manafort, Stone & Kelly chegariam a Lisboa num voo da TWA às 7:30h de domingo, dia 3 de Março. (...) Falou-se muito de Freitas do Amaral, o candidato do PSD e do CDS que mais chances tinha de ganhar e de Francisco Salgado Zenha, o que mais probabilidades tinha então de ir à segunda volta. E falou-se de Maria de Lourdes Pintasilgo, uma falada candidata que logo despertaria as atenções dos public relations do presidente Ronald Reagan. Entre os truques que eles tinham possibilidade de «plantar», caso fosse caso disso, para desacreditar um candidato como Freitas do Amaral, no momento decisivo da campanha, havia o lançamento de um artigo num grande jornal como o New York Times, através das suas «toupeiras», que embora descrevendo o candidato com noventa por cento de informação rigorosa, incluiria dez por cento de ficção. Por exemplo, seria revelada uma associação secreta avassaladora ao KGB, que seria impossível de verificar em tempo útil. O feedback dessa informação correria mundo e adquiriria tal veracidade que acabaria por se transformar num elemento implacável de dúvida sobre a integridade do candidato."

Contos proibidos, por Rui Mateus – Publicações D. Quixote lda, 1996, pp266-267

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