“Os custos desta reunião seriam integralmente cobertos pelo Partido Social-Democrata Sueco, que contribuiu com cerca de meio milhão de coroas, e pelo Partido Socialista Austríaco de Bruno Kreisky, que contribuiu com 750 mil shillings austríacos. Para o efeito seria informado pelo banco PK da Suécia que o PSD sueco mandara abrir uma conta na Suíça em meu nome, através da qual aquelas verbas seriam movimentadas. Estas e outras verbas começariam contudo a expor o PS a sinais exteriores de riqueza e a dar lugar a todo o tipo de especulações e contra-informação. Grande parte do apoio vinha em notas e cheques em moedas estrangeiras e, apesar dos contactos que o PS detinha na banca, sempre que o tesoureiro, Fernando Barroso, procedia a operações cambiais saíam notícias e circulavam rumores. Para além da contra-informação do PCP e da extrema-esquerda, logo após a visita aos EUA seriam lançadas notícias em órgãos de comunicação social por dissidentes da CIA, como foi o caso de Philip Agee. As notícias inicialmente difundidas pelo New York Times de que o PS estaria a receber avultadas quantias da CIA e do estrangeiro «obrigariam» Mário Soares a veementes desmentidos e a uma conferência de imprensa, a 8 de Fevereiro, não só para desmentir o que era verdade mas, sobretudo, para camuflar esses apoios, anunciando o lançamento pelo PS de uma campanha nacional de angariação de fundos. Diria então que «o nosso partido é um partido de trabalhadores, é um partido de esquerda e, como tal, um partido pobre.”
Contos proibidos, por Rui Mateus – Publicações D. Quixote lda, 1996, p108
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