“Edmundo Pedro não era só membro do Secretariado Nacional do PS. Era, na altura em que foi detido, deputado e membro do Conselho de Administração da RTP. Mas, enquanto antifascista, desde os 13 anos de idade que conhecera várias prisões políticas e passara quase uma década no campo do Tarrafal. Depois da sua aberrante detenção, em Janeiro de 1978, ainda passaria mais seis meses na prisão, por não querer contar a verdade sobre as armas. Embora não morresse de amores pelo Presidente Ramalho Eanes receava comprometer o secretário-geral do seu Partido, então primeiro-ministro. Este, por sua vez, com receio de ser comprometido, nunca sentiu necessidade de «obrigar» Edmundo Pedro a revelar toda a verdade que incluía, obviamente, a co-responsabilização dos então Presidente da República e primeiro-ministro no «Processo das Armas», para a resistência à tentativa de tomada de poder pelo PCP e forças da extrema-esquerda. Mas, vinte anos depois, ambos apareceriam a querer protagonizar a liderança daquele processo. Absolvido em Novembro de 1978, Edmundo Pedro seria, ironicamente um dos raros heróis do 25 de Novembro e o primeiro preso político do regime democrático que o 25 de Novembro viabilizara!
Contos proibidos, por Rui Mateus – Publicações D. Quixote lda, 1996, p93
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