1 Os cientistas pró-transgénicos pecam quando misturam a oposição dos adversários aos transgénicos com oposição à ciência. Os transgénicos são usados para alterar a relação entre agricultores e produtores de sementes, impedindo os agricultores de guardarem as suas próprias sementes. Quando uma semente transgénica cresce, torna-se difícil para o agricultor reverter a contaminação, por isso as culturas transgénicas tornam o agricultor refém de eternas relações com os produtores de sementes transgénicas, o que dá imenso poder a estas empresas sobre os custos dessas culturas. Sabe-se que as atuais culturas transgénicas estimularam o desenvolvimento de ervas resistentes a herbicidas e de pragas resistentes a inseticidas, o que fez aumentar a aplicação de misturas de pesticidas cada vez mais complexas. As características dos transgénicos podem transmitir-se às culturas naturais e um inseticida aplicado em culturas transgénicas pode destruir fungos benéficos. Por isso, ser adversário dos transgénicos não significa ser contra a ciência mas sim conhecê-la bem e citar os impactos negativos desses transgénicos baseados em dados de pesquisa.
2 Os defensores dos transgénicos pecam quando assumem que a descoberta da estrutura e função do DNA e a descoberta de enzimas manipuladoras de DNA (que conduziram ao desenvolvimento da engenharia genética aplicada a culturas) se baseava na compreensão do funcionamento dos genes. Mas como a própria história da ciência mostra, muitas descobertas científicas acabam por levantar outras tantas questões e áreas de investigação. O erro dos defensores dos transgénicos foi simplificar a ciência, foi acreditar que cada gene tinha uma única e simples função independente e que mover um gene de uma planta ou animal para outra planta ou animal faria esse gene expressar essa função particular sempre que se quisesse e onde quer que se quisesse. Os genes tendem a agrupar-se em unidades funcionais coordenadas, e o controlo da sua expressão é muito mais complexo do que se pensava. Por isso, uma das consequências do efeito disruptor do processo de transformação transgénica é a produção de novas toxinas e alergénios.
3 Muitos cientistas que promovem os transgénicos pecam quando arranjam maneiras de disfarçar ou ignorar o facto de que os processos que estão a promover são muito mais complexos do que que dizem ser. Pecam quando pretendem evitar a testagem cara e prolongada da segurança dos alimentos transgénicos.
4 As empresas de transgénicos pecam quando tentam fazer crer que apenas os seus cientistas podem garantir credibilidade aos estudos de segurança alimentar, coisa que não pode ser garantida por cientistas independentes. Erram quando bloqueiam a publicação de estudos que contrariam os resultados apregoados. Erram quando impedem cientistas independentes de consultar os dados em bruto que originaram esses estudos. Erram quando garantem a segurança alimentar dos transgénicos pela simples razão de que eles têm sido ingeridos por milhões de norte-americanos há vários anos, muito embora saibamos que não tenha havido rotulagem dos alimentos, nenhuma monitorização, nenhuma pesquisa epidemiológica.
5 Os promotores dos transgénicos pecam quando atacam cientistas que fizeram testes a alimentos transgénicos e que revelaram elevados níveis de toxicidade e recusaram respeitar um dos princípios básicos da ciência: repetir a experiência, repetir os estudos para comprovar a veracidade ou rigor dos resultados.
6 Os defensores dos transgénicos pecam quando garantem haver um regime rigoroso nos EUA e na Europa que prova que as culturas são seguras. De facto, este regime regulamentar não se baseia na ciÊncia mas em informação selecionada pelas empresas de transgénicos que, por causa da famigerada confidencialidade comercial, impede a publicação da pesquisa no seu todo.
7 Os defensores dos transgénicos pecam quando garantem benefícios futuros como o fim da fome e a resistÊncia à seca, mas isso não é ciência, são profecias, são opiniões quase sempre veiculadas por cientistas com grandes interesses financeiros na sua promoção.
Sem comentários:
Enviar um comentário