A Arte de Furtar, Tomé Pinheiro Da Veiga/Padre António Vieira, p365 – Oficina de Martinho Schagen, Amsterdão 1744
Recortes de notícias ambientais e outras que tais, com alguma crítica e reflexão. Sem publicidade e sem patrocínios públicos ou privados. Desde janeiro de 2004.
sábado, 8 de dezembro de 2012
A Arte de Furtar (19)
“Que coisas são as demoras de um Ministro que não despacha? São despertadores contínuos de que lhe deis alguma coisa e logo vos despachará. E porque o tal é pessoa grave e que se peja de aceitar à escancara donativos, remete-vos ao seu oficial quando apertais muito com ele. E o ofocial traz-vos arrastado um mês e dois meses e às vezes seis com escusa ordinária, que não acha os papéis porque são muitos os de seu amo, e que os tem corrido mil vezes com diligência extraordinária, que os encomendeis a Santo António. E a verdade é que os tem na algibeira, e de reserva esperando, que acabeis já de lhe dar alguma coisa. Alumiou-vos Santo António com a candeínha, que lhe oferecestes: dais um diamante de vinte e quatro quilates ao sobredito, e dá-vos logo os papéis pespontados de vinte e quatro alfinetes, como vós quereis. E o menos que vos roubou com seus vagares foi o diamante porque sendo obrigado a despachar-vos no primeiro dia e vos deteve tantos meses com gastos excessivos fora de vossa casa, onde também perdestes muito com tao dilatada ausência.”
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