Adiantou Adelino Cunha na sua obra que fiou combinado entre Cavaco e Mendes Bota que este último iria também falar com alguns delegados para que se inscrevessem previamente e desistissem depois a favor de Cavaco de modo a obter mais tempo para poder discursar: Não sei que outras movimentações fez Cavaco Silva mas, daquilo que sei, ele não caiu por acaso na Figueira da Foz’, afirma hoje Mendes Bota.
E, no dia 17 de maio, sexta-feira, quando se pôs ao volante do seu carro novo, um Citroen BX 16TRS, matrícula JB-63-45, e conduziu a caminho da Figueira da Foz, presumimos que Cavaco levava consigo o discurso que escrevera.
Sabemos, porque o escreveu e porque há fotografias, que levou consigo a sua mulher, Maria. Não sabemos se levava também consigo a edição desse dia do semanário Tempo. Se Cavaco o comprou e o leu, então inevitavelrnente teve de ler o titulo da manchete da edição desse dia. O Tempo publicara uma foto do seu rosto em grande plano. Sorridente. Confiante. A olhar para a câmara de frente. E, ao lado, em letras gordas, o título: ‘Discurso de Cavaco vai ser decisivo’.
(...) Cavaco Silva foi presidente do PSD entre 19 de maio de 1985 e 19 de fevereiro de 1995 e primeiro-ministro de Portugal entre 6 de novembro de 1985 e 28 de outubro de 1995. Foram 10 anos de poder, oito deles com maioria absoluta.”
Frederico Duarte Carvalho, Cavaco vs Cavaco pp180-199, Vogais 2012
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