sábado, 1 de setembro de 2012

Os Pescadores, de Raul Brandão (14)

“Carregada em barcos, a dorso de cavalgadura ou nos carros alentejanos de toldo e grandes rodas, acarretam-na para a fábrica. Levam-na os rapazes e as mulheres em gigos e redes para casa. Furtam-na os homens da companha que têm uma larga parte nesta matança. Só um mestre dum barco do Fialho ganhou em 1922, em percentagem, afora o ordenado e o quinhão, quinze contos de réis. É o peixe que dá mais dinheiro. Por isso a destruição é enorme e sem folga, dura o ano todo, antes da desova e depois da desova, à rede, a tiro, sem cessar e sem tréguas –uns barcos em terra, outros no mar, uns pescando-a e outros conduzindo-a, com a borda metida na água. Cheira a sardinha.”

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